sábado, julho 13, 2019

Diário de um peladeiro XX – O mico veio receber, mas não paguei




13 de julho de 2019. Veio a pelada de sábado e eu me excluí desde quinta porque estava gripado. Deixei de ir ao cinema porque estava até com dor nas costas, imagina jogar futebol com o pulmão virtualmente quebrado. Nada mais racional e coerente que esperar mais uma semana até estar recuperado, correto? Eu posso ser racional, mas coerente... Como diria meu amigo escritor, o Carlos Cardoso, o negócio é ser contraditório.
Como havia pouca gente e a opção era ficar em casa jogando “Alien – Isolation” no computador, resolvi, então, me aventurar apenas como goleiro; para ver se aguentava. Cheguei lá, arrisquei a ir na linha e, para surpresa geral, eu estava com um fôlego melhor que quando não estava doente. Não entendi nada. Parece que o mundo é assim, sem lógica, sem coerência, sem racionalidade. Quem sou eu para reclamar? Fui jogar e enquanto aguentava correr, corri. O fato é que acabou a pelada e eu ainda não estava cansado. Nem parece a pessoa que não aguentava falar na terça-feira.
Lógico que não forcei, não corri tanto. Na verdade não corri quase nada. Arrisquei poucos dribles. Errei um monte de passe. Mas se não tive a melhor atuação do ano foi mais por conta da coluna que pela gripe. Por falar em coluna, hoje ela me irritou. É como jogar futebol fantasiado com aquelas roupas de mascote. Medo absurdo de fazer qualquer movimento que lembrasse a famosa “ginga” do filme do Pelé. Medo de gingar e a coluna se partir. Acho que no fundo eu sei que isso vai acontecer cedo ou tarde e adeus futebol. Então, permaneço o verdadeiro homem de lata com a bola nos pés.
Arrisquei 4 chutes. Um foi gol, outro bateu na trave, outro foi uma bela jogada de troca de passes que o zagueiro bloqueou em cima e finalmente um o goleiro defendeu.
Saí feliz. O gol foi uma jogada linda do amigo Vitão que só tive o trabalho de chutar no canto longe do goleiro.
No final, fui recebido por dois macaquinhos da UFJF, os miquinhos, conhecidos por Callithrix penicillata, sagui-de-tufos-pretos, mico-estrela ou simplesmente sagui. Espécie que habita as matas que cercam Juiz de Fora e principalmente o Campus da UFJF. Os miquinhos estranhamente vieram para meu lado, como se cobrassem alguma coisa. Foi aí que percebi. Ao contrário do esperado, mesmo sem estar totalmente recuperado da gripe, eu não paguei nenhum mico. Melhor assim.

Saldo de 2019:
20 jogos
14 gols
Clinton Davisson é jornalista, mestre em comunicação, pesquisador, roteirista e escritor. Autor de quatro livros, sendo um deles “Fáfia – A Copa do Mundo de 2022”, que será relançado este ano.

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