segunda-feira, novembro 09, 2009

Bastardos Inglórios - Inglourious Basterds





EUA, 2009 - 153 min

Direção e roteiro: Quentin Tarantino

Elenco: Brad Pitt, Mélanie Laurent, Christoph Waltz, Eli Roth, Michael Fassbender, Diane Kruger, Daniel Brühl, Til Schweiger, Gedeon Burkhard, Jacky Ido, B.J. Novak, Omar Doom, August Diehl, Denis Menochet

Em uma espécie de história alternativa da França ocupada pela Alemanha na 2ª Grande Guerra, um grupo de soldados conhecido como Bastardos prepara um plano para destruir um cinema onde os nazistas exibirão um filme sobre um herói nacional. A idéia é trancar os líderes nazistas todos no recinto e tacar fogo sem perdão. Para isso contarão com a ajuda de uma mulher com sede de vingança e uma espiã.

O diretor Quentin Tarantino e seu colega indiano M. Night Shyamalan tem carreiras muito parecidas. Ambos despontaram nos anos 90 com um estilo de direção bem particular que não escondia o amor ao próprio cinema e, principalmente, buscando recursos próprios do teatro, com tomadas longas, com poucos cortes, deixando que os atores dominassem como fios condutores da cena.

Além disso, ambos adoram aparecer em seus filmes como atores. Algo que também pode ser visto como uma homenagem ao grande mestre Alfred Hitchcock, adepto da mesma prática, embora com muito menos tempo nas telas.

O problema é que Shyamalan vem entrando em decadência de crítica e público desde o polêmico Sinais em 2002, culminando com ridículo Fim dos Tempos. Tarantino por sua vez também andou ganhando umas vaias com seu Grindhouse de 2007, mas nada que realmente abalasse sua carreia.

Agora, enquanto Shyamalan começa a perder o crédito depois do ridículo Fim dos Tempos, Tarantino vai à direção oposta, em mais uma consagração com Bastardos Inglórios no qual volta ao tema principal de Kill Bill, a vingança. Embora se passe durante a 2ª Guerra Mundial, a trilha sonora e diversos enquadramentos e situações no filme remetem aos Westerns Spaguetti ou Bang Bang à Italiana como eram conhecidos no Brasil as produções de baixo orçamento nos anos 60 e 70 dirigidos por italianos e espanhóis normalmente em locais mais baratos da Europa. Tarantino volta então a homenagear seu grande ídolo, Sérgio Leone, responsável pela revolução nos westerns e em todo o cinema e considerado um dos grandes injustiçados de Hollywood (parte por causa do fracasso de seu filme mais caro Era uma vez na América, de 1984).

Este cinema de amor ao cinema torna Tarantino um dos diretores mais importantes da atualidade e o fato de trabalhar com orçamentos considerados baixos em Hollywood, não corre o risco de ser trucidado pelos produtores (exatamente o que aconteceu com Sérgio Leone). Assim, Bastardos Inglórios foi seu filme mais caro, custando U$ 70 milhões, mas já arrecadou mais de U$ 300 milhões no mundo inteiro.

Acostumado a lançar seus próprios astros como Steve Buscemi , Tim Roth, Harvey Keitel ou mesmo recolocar no estrelato nomes famosos como John Travolta e Uma Thurman, Tarantino ganhou uma força extra com o superastro Brad Pitt. Robert DeNiro e Bruce Willis, já haviam trabalhado com o diretor, mas Pitt é “O Cara” do momento. O resultado é uma das atuações mais propositadamente canastronas da história do cinema. Em determinado momento, seu personagem, o sanguinário tenente Aldo Raine precisa se fazer passar por italiano e não sabe falar praticamente nada em italiano. Pit então encarna uma mistura estranha e hilária de Don Corleone e John Wayne.

Mas quem rouba o filme é o austríaco Christoph Waltz no papel do vilão Hans Landa, uma espécie de Sherlock Holmes nazista que se beneficia do único defeito do filme: o excesso de cenas longas, o que dá a impressão de que Tarantino perdeu um pouco a noção de edição de suas cenas.

Sem cortes, em uma espécie de teatro filmado, Waltz ganha os melhores diálogos do filme e dificilmente será esquecido no próximo Oscar, já que seu personagem é tão ou mais odioso que o Coringa de O Cavaleiro das Trevas.

Calcado em um cinema honesto e muitas homenagens ao próprio cinema, Bastardos Inglórios peca também ao estereotipar demais os personagens. Se em Pulp Fiction ficamos temendo pelo destino de vários personagens, sejam eles heróis ou vilões, aqui o tom de farsa trunca a degustação de alguns momentos do filme, como a morte de personagens que acabam com um gosto de “tanto faz”.

O grande mérito do filme, porém, está em trazer ao público de hoje uma boa dose do que havia de melhor no antigo cinema europeu, seja no noir alemão, seja na nouvelle vague, escancarando não apenas a funcionalidade dessas escolas no mundo pop, como também deixa claro que elas já estão presentes ali há muito tempo através de influências que nem sempre foram assumidas. Afinal, essa coisa de copiar como homenagem ganhou força e reconhecimento com Tarantino, mas já houve quem dissesse que era mero plágio – que o digam George Lucas e Steven Spielberg nos anos 70 e 80...

Assim é o cinema de Tarantino, uma homenagem dinâmica ao cinema que consegue instigar cada vez mais os espectadores do acostumados com o pop a procurar saber mais sobre as fontes primárias da 7ª Arte e, quem sabe, entender que a linha que separa - ou talvez costure - estas duas fronteiras é muito mais fina do que tentam fazer crer alguns críticos...

terça-feira, novembro 03, 2009

Distrito 9







Direção: Neill Blomkamp

Roteiro: Terri Tatchell,Neill Blomkamp

Elenco: Sharlto Copley (Wikus Van De Merwe), Jason Cope (Grey Bradnam), Nathalie Boltt (Sarah Livingstone), Sylvaine Strike (Katrina McKenzie), John Sumner (Les Feldman)

Em um formato de semi-documentário, ficamos sabem que, em um futuro não muito distante, uma nave alienígena – provavelmente comprada na mesma loja que as naves de Independence Day e V – A Batalha Final – chega a Terra e, ao contrário da maioria dos alienígenas, esnoba Nova Iorque e Tóquio, indo parar justamente em Joanesburgo, capital da África do Sul. O que inicialmente era uma coisa legal, virou um tormento, porque se os aliens (que parecem camarões gigantes) não querem dominar a Terra, mas também não sábios cheios de grandes ensinamentos. Parece ser uma ralé pouco provida intelectualmente e sem muitas ambições. Como qualquer minoria, acaba ficando em uma favela (embaixo da nave) se transformando em um problema social.

O pior é que nem a tecnologia da nave dá para se transformar em uma fonte de renda, já que só funciona com os alienígenas, que trocam suas preciosidades por latas de comida de gato.

A solução final é transportar a cambada para outro local, pior do que já estavam, onde podem ser mais facilmente controlados. Para tornar tudo isso um ato legal, é necessário a assinatura dos moradores, os aliens no caso, e é aí que entra nosso “herói”, Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley impecável), uma perfeita mistura de Homer Simpson com Ned Flanders com sotaque holandês. O cara é um babaca esforçado que bota fogo em uma ninhada de ovos dos alienígenas e se diverte informando a audiência que os estouros de pipoca que estão escutando são bebês alienígenas sendo abortados. Sabe falar a língua dos camarões, entende um pouco da cultura deles, mas apesar de não ser exatamente mal, ignora as atrocidades que comete como qualquer funcionário público finge que não vê as roubalheiras do poder público.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas e no contato com um dos poucos camarões realmente inteligentes, ele vai se defrontar com algo que vai obrigá-lo a mudar toda a sua perspectiva de vida.

Desenvolvido a partir de um curta-metragem do mesmo diretor, Distrito 9 custou aproximadamente 30 milhões de dólares e seria o filme mais lucrativo do ano, se 2009 também não fosse berço do interessante Atividade Paranormal que custou menos 30 mil dólares e também faturou alto este ano.

O filme é uma alegoria clara sobre xenofobia feita pelos maiores especialistas no assunto da atualidade: os sul-africanos. Muitos elementos presentes no Apartheid não apenas foram usadas no filme, como fizeram parte da estratégia de marketing do mesmo.

Apesar do começo lento e didático, a segunda parte de Distrito 9 é um filme de ação no melhor estilo block-buster, com tiroteios, explosões e efeitos especiais que parecem ter custado mais do que os 30 milhões anunciados, o que deve deixar o diretor Neill Blomkamp nas boas graças dos produtores de Hollywood por muito tempo. E nada acontece gratuitamente e a fragilidade do personagem principal nos faz esperar sempre pelo pior, o que torna o filme um suspense eletrizante para quem o assiste pela primeira vez.

Alguns clichês correntes na ficção científica e nos filmes de ação são empregados, quase sempre de maneira competente. Há alguns abusos feitos apenas para instigar ainda mais o suspense, mas que chegam a irritar um espectador mais exigente. Além disso, há um excesso de nojeira que pode afugentar estômagos mais sensíveis.

No terceiro ato, o filme acaba assumindo descaradamente a máscara de Block Buster, com tiroteios, atos heróicos, vingança e muitas exploções. Mas Distrito 9 consegue impressionar mesmo é quando entra no campo em que a ficção científica sabe fazer melhor: mostrar com uma clareza transparente a realidade humana através de metáforas. Os humanos do filme são de uma crueldade com os alienígenas que chegaria a ser inverossímil caso não fosse plagiada de nossa própria realidade.

Até a absurda presença do crime organizado (comandado por humanos) na favela nos assusta ao lembrar que isso realmente acontece perto de nós, em nossa cidade.

No final, Distrito 9 ainda deixa espaço aberto para uma continuação, derrubando qualquer suspeita de que a intenção não fosse fazer um filme hollywoodiano. Mas em comparação com outros sucessos do ano como Transformers 2 e Wolverine, Distrito 9 consegue ter mais ação, mais suspense e ainda por cima trazer conteúdo. Tomara que os Sul Africanos sejam tão competentes para fazer a Copa do Mundo de 2010, como se mostraram para realizar esse filme.

Os Substitutos



Direção: Jonathan Mostow

Roteiro: Michael Ferris e John Brancanato

Elenco: Bruce Willis, Radha Mitchell, Rosamund Pike, Boris Kodjoe, James Francis Ginty, Michael Cudlitz, James Cromwell e Ving Rhames.

Em um futuro não muito distante, 98% da população trocou o corpo de carne e osso por bonecos bonitos e indestrutíveis que vão trabalhar enquanto o “saco de carne” fica em casa deitado em uma cadeira de dentista, ou algo parecido. Este mundo perfeito não é tão perfeito para o detetive Tom Greer (Bruce Willis) que perdeu o filho em um acidente de carro e não consegue lidar com isso. Sua esposa Maggie (a bela Rosamund Pike) não morreu, mas ficou toda arrebentada. Ela usa então os robôs substitutos para fugir da realidade, adotando uma postura de comportamento igual a de personagens das novelas do Carlos Lombardi. O drama dos Greer vai de encontro a uma trama terrorista quando um cidadão parece ter descoberto uma maneira de usar o substituto para matar quem estiver conectado a ele através de um vírus de computador.

O policial começa a investigar os crimes com sua parceira igualmente embonecada (Radha Mitchell que não diz a que veio), mas só vai conseguir resolvê-lo depois que for suspenso, caso contrário, não seria um filme norte-americano, certo?

A trama também esbarra na existência de tribos de humanos que se recusam a usar a tecnologia dos robôs e, por isso, cria verdadeiras comunidades hippies. Será que são eles quem estão por trás dessa ameaça?

Baseada em uma Grafic Novel homônima lançada em 2005, com roteiro de Robert Venditti e desenhos de Brett Weldele, os Substitutos parece realmente seguir aquela lógica absurda de alguns quadrinhos onde vestir a cueca por cima da calça e sair para combater o crime pode parecer uma idéia inteligente e funcional. Quando adaptados para o cinema, normalmente os quadrinhos precisam fazer algumas adaptações para não cair no ridículo, é só lembrar a piada do colant amarelo de Wolverine no primeiro X-Men. Mas no caso de Os Substitutos, os roteiristas não se preocuparam em pensar o que os médicos do planeta Terra teriam a dizer sobre ficar em casa deitado o dia inteiro enquanto um robô faz tudo por você.

Estranhamente, o único cidadão que vai trabalhar todo dia sem o seu robô é também é obeso, enquanto outros parecem somente mais velhos e com menos maquiagem. Parece aquela propaganda da Coca-Cola onde um cara leva uma bronca do Charlie Brown JF por ser o único que não usa determinado assessório (nem lembro o que é). E ainda escuta: “Tem que ter atitude!”. Ou seja, do mesmo modo que neste comercial “ter atitude” vira “não discordar da maioria”, em Substitutos para ser magro bastar ficar dentro de casa deitado. Se você for trabalhar, sair do sedentarismo, vai acabar engordando.

Ainda no campo lógica de Quadrinhos, o filme diz que 98% da população mundial aderiu aos substitutos. Será que em 2054 a fome e a miséria tenha acabado no mundo e todo mundo tem dinheiro para comprar esse boneco? Ou novamente o planeta Terra se resume a cidade de Nova Iorque?

E por que a comunidade dos caras que não usam robôs tem que viver numa situação de absoluta pobreza? Tipo, eles não querem contato com os robôs, mas não vi nada impedindo os caras de irem trabalhar ou de tomar banho, ou ir a uma loja de roupas...

Finalmente, as motivações do vilão não fazem sentido algum e parece ser mais uma tentativa de fazer uma das famosas “reviravoltas” no roteiro. Afinal, quem ia esperar que o vilão fosse justamente... quem fosse (não vamos dar spoilers)

Mas nem tudo é idiota no filme. A grande estrela é a maquiagem digital que transforma o bom e velho Bruce Willis em um ator 30 anos mais jovem.

O filme também consegue levantar questões interessantes, como o paralelismo entre o que já acontece no nosso mundo virtual onde podemos usar o MSN, o Orkut, o Second Life e uma infinidade de programas para mudar a identidade. Assim, vemos no filme uma bela e jovem loura, de corpo escultural, revelar ser, na verdade um homem gordo e barbado.

A fuga para a realidade virtual chega a ter uma abordagem política, mas jamais se aprofunda; dando a impressão de que os produtores chegaram a temer que um filme um pouco mais inteligente pudesse afastar a platéia (vamos lembrar que os venerados Gataca e Blade Runner são fracassos estrondosos de bilheteria).

Ainda assim, as cenas de ação são competentes, mas com gostinho de Sessão da Tarde. Nada que lembre os malabarismos de Eu, Robô.

Uma pena, porque são idéias incrivelmente atuais em um filme que mostra que a tecnologia dos efeitos visuais pode dar conta do recado.

Enfim, Os Substitutos está longe de ser um filme chato e gera um entretenimento razoável a quem não for muito exigente com a trama, mas poderia ser bem melhor se os roteiristas demandassem um pouco mais de tempo construindo um pano de fundo mais verossímil. Em tempos onde se investe pesado em obras de Tolkien, J.K. Rowling, Stephanie Meyer e Neil Gailman, que prezam pela complexidade de seus mundos imaginários, era de se esperar um pouco mais de coragem das produções de ficção científica também.

terça-feira, junho 02, 2009

Outlander – Guerreiro vs predador



Boa história e ótimos atores em um filme com cara de anos 80

Na Noruega no ano 700, uma nave espacial pilotada por Kainan (James Caviezel) cai entre os nórdicos do passado. Pra piorar, o astronauta também descobre que não foi o único sobrevivente. Um segundo passageiro, da raça Moorwen também emerge dos escombros. Um tipo de animal feroz e sanguinário, o Moorwen quer destruir todos os que considera inimigos ou saborosos. Assim, Kainan precisa unir-se aos vikings e unir sua tecnologia às armas dos guerreiros para enfrentar o monstro antes que ele destrua a todos.
Aos poucos, vamos entendendo a história verdadeira dos dois alienígenas. Apesar de ser um sanguinário comedor de gente, o monstro Moorwen não era simplesmente um monstro mal, mas uma criatura sobrevivente de um planeta dizimado pela raça de Kainan sem de maneira ecologicamente incorreta.
Ainda assim, a criatura vai aprender que, por mais que o protagonista esteja errado, jamais se deve devorar a família do herói em um filme de ação norte-americano.
Com uma idéia inusitada e até certo ponto original, Outlander consegue ser uma eficiente mistura de 13º Guerreiro com O Predador. Semelhança forçada ainda mais com o título nacional que o filme recebeu. O elenco traz pesos pesados como James Caviezel (o Jesus de A Paixão de Cristo), Ron Perlman (o Hellboy que fica mais feio ainda quando não está de máscara) e John Hurt (excelente ator que virou o velhinho da vez em Hollywood depois que Sean Connery se aposentou e Ian McKeley ficou muito caro).
Estranhamente o filme não foi levado muito a sério e foi lançado direto em dvd. A crítica não gostou. Realmente fica difícil entender por que Ron Perlman aceitou um papel onde entra mudo e sai calado. Até porque ele não fazia isso antes do sucesso de Hellboy. Mas o resultado final não é ruim, mas um filme, no mínimo, interessante. Quem gosta de ficção científica costuma dizer que até quando o filme é ruim, é bom. Mas Outlander dispensa esse “recurso” e não só cumpre muito bem sua função de entreter, como consegue fazer lembrar um tempo onde produções do gênero não precisavam ser trilogias ou ter três horas de duração para agradar. Há algo incrivelmente anos 80 no filme, principalmente na preocupação de contar apenas uma boa história sem a pretensão de querer fazer daquilo um marco do cinema.
A produção é feita pelo mesmo Barrie Osborne que também assina nada menos do que O Senhor dos Anéis. Mas, graças a Deus, o filme passa longe de tentar imitar os clichês da criação de Peter Jackson. Nada de longos travelings com pessoas andando ou cavalgando com paisagens deslumbrantes ao fundo. Nada de personagens que parecem ter toda uma história por trás, mas que ainda não foi contada. Outlander é um filme que conquista pela simplicidade (tá, a simplicidade irrita também em casos como a já citada falta de aproveitamento de Ron Perlman).
O monstro, apesar de ser feito em computação gráfica, aparece pouco até ser mostrado no final em toda a sua... monstruosidade? E a produção parece ter gasto boa parte do dinheiro no elenco, deixando o resto com um jeitão deliciosamente trash. Tudo isso conspira para que Outlander pareça ter saído de uma máquina do tempo, direto da época onde produções como O Feitiço de Áquila ou Krull podiam se dar ao luxo de fugir do pedantismo se apresentar honestamente como filmes de aventura.
Com o modismo de reviravoltas mirabolantes que vem tomando as produções hollywoodianas nos últimos tempos, é difícil explicar a alegria que tomou conta de mim quando comprovei que o Moorwen não era pai, mãe ou filho de Kainan, nem houve um flashback mostrando como Kainan se transformava no Moorwen quando o público não estava vendo, muito menos que os vinkings viviam em alguma dimensão paralela da Matrix. Só essa honestidade do filme já vale o dinheiro da locação. Coloca aí também a deliciosa ruiva Sophia Myles fazendo papel de guerreira/princesa com muita competência e temos um filme que vale a pena ser visto e até comprado em dvd.

Devoradores de mortos



Livro mostra a rotina dos vikings pelo ponto de vista de um árabe

Por Clinton Davisson

No século X, quando os árabes eram o povo mais evoluído do planeta, o diplomata Ibn Fadlan levava uma vida boa até se meter com a mulher de um xeique rico que era amigo do califa. Como castigo, ele é mandado em uma missão pelo mundo bárbaro: fazer contato com o rei dos búlgaros. Mas a vida é uma caixinha de surpresas e em uma bela manhã de sol, Ibn vai parar em um confronto entre vikings e uma misteriosa tribo do que parecem ser os últimos neandertais na Terra.
Tudo isso seria uma boa sinopse para uma história comum, mas estamos falando de um relato real ocorrido em 922 DC. Ao menos é o que tenta nos fazer acreditar o livro. O documento foi guardado e traduzido durante quase mil anos até que em 1976, o escritor Michael Crichton (falecido em novembro de 2008, vítima de câncer), um dos gênios mais oportunistas da cultura pop recente, teve a idéia de juntar os relatos e transforma-los em uma história cheia de ação e aventura. O resultado é um livro curto, detalhado e envolvente, com relatos incríveis sobre a cultura, o modo de vida, organização e até hábitos de higiene dos famosos guerreiros louros das regiões geladas da Europa.

Verdade ou mentira?

Ahmad ibn Fadlān ibn al-Abbās ibn Rašīd ibn Hammād realmente existiu e realmente visitou a Europa no século X. O encontro com o povo Rus (daí vem o nome Rússia) também é verídico. Mas quando o livro e o filme entram na história de Bewulf, vira ficção. Mas tudo em nome do entretenimento e boa parte da divertida narrativa é realmente baseada nos relatos de Fadlan. A cerimônia de funeral vinking é um bom exemplo. Além da famosa fogueira sob a água mostrada em diversos filmes e livros, há detalhes interessantes como escravas que se oferecem para morrer ao lado do corpo do guerreiro.
Os hábitos higiênicos (ou a ausência deles) merecem uma atenção especial do narrador. Acostumado aos banhos regulares e a veneração exagerada às mulheres típica da cultura muçulmana, Ibn inicialmente se surpreende e se revolta com o hábito das mulheres de mostrar seus rostos publicamente, mas depois acaba aderindo aos costumes locais ao desfrutar sexualmente das escravas. Como também os nórdicos não se lavavam mesmo depois de ir ao banheiro, o árabe confessa que teve que prender a respiração para transar com a escrava e suportar o mau cheiro.
Mas Devoradores de Mortos não é apenas um relato documental, o livro também conta com bons personagens como Buliwyf, o chefe dos guerreiros que mostra curiosidade em relação a figura e aos conhecimentos do estrangeiro que sabe “desenhar sons” ou seja, ler e escrever. A trama traz mistérios a serem desvendados: um estranho grupo de monstros, os devoradores de mortos do título, aterroriza um povoado. Eles moram no topo de um vulcão e nunca ninguém os viu de perto.
Para complicar a situação, Wigliff, o próprio filho do rei da tribo se torna uma ameaça, pois o temor em relação a Buliwyf tomar o trono para si é grande. O plano de Buliwyf para intimidar o príncipe é tão genial quanto absurdo: provocar uma briga entre o mais forte e jovem guerreiro local e o experiente Hyglak. O resultado do combate é surpreendente.

O filme

Embalado pelo sucesso de A Máscara do Zorro, o espanhol Antônio Banderas protagonizou em 1999 o filme O 13º Guerreiro, uma adaptação bem fiel ao livro de Crichton. Nem a crítica, nem o público se empolgaram dando um banho de água fria nas carreiras tanto do ator quanto o diretor John McTiernan que estava já em decadência. Ainda assim é uma produção cultuada nos dias de hoje e a renda de quase U$$ 90 milhões não é considerada um fracasso total.
O fato é que, para quem leu o livro “Devoradores de Mortos”, assistir ao “13º Guerreiro” é algo praticamente obrigatório. A recíproca também é verdadeira: se você gostou do filme e gosta de uma boa leitura, vá correndo comprar o livro.

sexta-feira, maio 22, 2009

Marley e Eu é a resposta ao Clube da Luta?





Ter um cachorro é algo aconselhado por pedagogos para ajudar no amadurecimento de crianças, amenizar a solidão de idosos e até em tratamento de doenças diversas como a depressão. A frase "melhor amigo do homem" tem uma explicação histórica, ou pré-histórica, já que seres humanos e canídeos convivem e se ajudam há mais de 200 mil anos em uma das simbioses de maior sucesso deste planeta. Pensando nisso, é estranho pensar que existam tão poucos filmes que prestam uma homenagem tão apaixonante sobre esse relacionamento.
Adaptado do livro de John Grogan, Marley e Eu não mostra exatamente o ponto de vista de um cachorro, mas uma visão tocante da vida de um ser humano, usando seu "melhor amigo" como fio condutor da narrativa.
Após se casar com a mulher de seus sonhos, o jornalista John Grogan se muda para a Flórida e resolve comprar um cachorro. O motivo é abrandar a ânsia da esposa por um filho e, ao mesmo tempo, já ir "treinando" a responsabilidade de ambos para quando chegar o neném de verdade. O problema é que o cão escolhido, um labrador, é incontrolável, indisciplinado, desastrado e fica ainda pior durantes tempestades com relâmpagos (coisa muito comum na Flórida). Capaz de destruir tudo o que está ao alcance de suas mandíbulas Marley é denominado por seus donos como "o pior cão do mundo".
Mas John segue sua vida. Obrigado a se tornar colunista de seu jornal, fica frustrado, pois pretendia seguir uma carreira mais investigativa, sonhando com grandes reportagens como as de Sebastian, seu melhor amigo. John passa então a narrar suas desventuras com o incorrigível Marley e a coluna passa a ser um sucesso (que deu origem ao livro).
Baseado no best-seller de John Grogan, Marley e Eu, de certa forma, guarda assustadora semelhança na temática de O Clube da Luta, mostrando a reação do homem contemporâneo confrontado com a desilusão das promessas do sonho capitalista. Afinal, o que acontece quando chegamos aos 30 anos e descobrimos que não seremos astros do cinema, jogadores de futebol ou (no caso do Brasil) participantes do Big Brother? Enquanto o Clube da Luta propõe o linismo como forma de guerrilha ideológica (o exagero das situações mostra a natureza parcialmente metafórica da proposta), Marley e Eu pode facilmente ser acusado de conformista. Mas é aí que reside parte do brilhantismo do filme. Notem, por exemplo, como é interessante o relacionamento entre os dois amigos repórteres fugindo dos clichês do gênero, que não hesitariam em mostrar competição e provocações entre os dois, já que ambos declaram ter certa inveja em relação ao sucesso de cada um em suas respectivas escolhas. Mas esta "inveja" recíproca é respeitosa, passando a ser também uma grande admiração. Assim, o filme vai de encontro aos conceitos convencionais na mídia contemporânea, flertando com o americam way dos anos 50, só que um pouco mais amadurecido. "Você se deu realmente bem, John", admite o amigo ao ver uma foto de sua família.
Enfim, Marley e Eu é um filme que discute o verdadeiro sentido do sucesso. Ter uma família e conseguir criá-la direito ou ter uma namorada diferente a cada semana e ser famoso?
Mas para dar o veredito, o espectador precisa assistir. E vale a pena!

quinta-feira, março 26, 2009

Somente fãs ou a religião do novo milênio?


Estudiosos comparam o comportamento dos fãs de séries de fantasia e ficção científica no Brasil a religiosos

Por Clinton Davisson

Baseada em estudos sobre mitologia do pesquisador Joseph Campbell, Star Wars tem o poder de criar comportamentos que lembram muitos casos de religiosos que mudam sua vida depois de conhecer as revelações de Cristo, Maomé, Buda, Alan Kardec, entre outros. As semelhanças são muitas. Assim como todo muçulmano precisa ir a Meca uma vez na vida, existem peregrinações quase obrigatórias no mundo dos fãs e não necessariamente somente de Star Wars. Para o analista de sistemas Carlos Cardoso, 40 anos, o fascínio veio com outra série de ficção científica: Star Trek, ou Jornada nas Estrelas. No universo do Capitão Kirk e do Sr. Spock, Carlos reconheceu seu deslumbramento pela tecnologia e se tornou um trekker, ou seja, um fã assumido do universo criado por Gene Roddenberry na década de 60. “O que me capturou foi a visão utópica da humanidade, mostrando um mundo ideal onde todos são reconhecidos por seus talentos e capacidades e, mais importante, todos têm talentos e capacidades”, explica. Embora faça questão de frisar que não vê Star Trek como algo além de uma série de Tv da qual gosta muito, Cardoso foi em 2004 na Star Trek Experience, um incrível parque temático construído em Las Vegas, nos EUA, no que ele chama de peregrinação pessoal. “Para um trekker, ir a este evento é como ir a Meca para um muçulmano”, conta Cardoso que confessa não ter sido muito racional durante a viagem. “Vi uma coleção de armas klingon em uma das paredes que faria qualquer um pensar em besteira. Ah, se eu roubasse isso e corresse o bastante... Se bem que dificilmente uma Bath'let (uma mistura de foice com lança) passaria despercebida pela segurança do aeroporto”, brinca.

Fãs ou fanáticos?

A palavra “fã” é uma contração de “fanático”, originária do latim fanaticus, derivada de fanus, que significa templo, capela. Antigamente, a palavra era empregada especialmente em alusão aos sacerdotes da deusa romana Cibele. Vários estudiosos concordam que os laços que ligam o fanático religioso e o fã são estreitos. A antropóloga Carmem Rial, da Universidade Federal de Santa Catarina, é pós-doutorada em antropologia visual pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, na França, afirma que a adoração a estes novos ícones da sociedade guarda semelhanças enormes com o ato religioso. “O estudioso Edgard Morim afirma que existem ídolos contemporâneos, que chama de Novos Olimpianos, substituindo as divindades antigas no seu papel de objeto de culto. Assim como na religião, estes fãs também se dispõem a viajar para locais tidos como sagrados e colecionam suas próprias relíquias na forma de brinquedos, cartazes, dvds, etc”, explica Carmen. Para ela, não há nada de ruim ou anormal em querer comprar um brinquedo ou mesmo viajar por causa de um filme, desde que não haja exageros. A antropóloga inclusive também gosta de Star Wars e não perdeu a oportunidade que teve, a alguns anos, de visitar a cidade de Tatooine, na Tunísia, onde foram feitas as filmagens da casa de Luke Skywalker. “George Lucas usou o nome do lugar para batizar o planeta deserto”, comenta.
A semelhança entre religiosos e fãs é normal para o professor José Luiz Ribeiro, da Universidade Federal de Juiz de Fora, doutor em comunicação e cultura. Ele afirma que desde a pré-história o ser humano tem a necessidade de se organizar em clãs e reconhecer suas semelhanças. “Hoje não é diferente, pois vivemos numa sociedade culturalmente fragmentada onde principalmente os jovens buscam um modelo-guia para moldar sua própria identidade, e acabam encontrando isso nessas novas mitologias”, explica, destacando que tecnologias como a Internet ajudam a aproximar fãs e também religiosos em todo o mundo.

Tribos
Mas será que o cinema vai substituir as igrejas algum dia? Para os estudiosos isso não deve acontecer, ao menos não tão cedo. Segundo a psicóloga Cynthia da Costa Losada, essa linha ainda está longe de ser cruzada. Mas dá para se dizer muito sobre o momento da vida e a personalidade de uma pessoa através de seus filmes ou suas séries preferidas. “Embora tenha momentos muito diversos, em Jornada nas Estrelas geralmente o objetivo é explorar o universo em conjunto, reproduzindo mais um clima familiar, analítico. Já em Star Wars o ambiente é mais idealista, competitivo, de um time, ou grupo, lutando por um objetivo comum”, diz, lembrando que há momentos na vida para ser mais ativo, lutar por um ideal, e há momentos para ser mais explorador.
Assim como as religiões, há divergências sérias entre fãs de correntes diferentes. Para Oswaldo Geovanini, mestre em ciência da religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora, é normal que determinadas tribos passem a querer rivalizar com outros grupos. “Só se tem cultura quando se forma um grupo”, explica, destacando que as séries televisão e cinema acabam gerando valores e comportamentos em comum. “E estes valores acabam fazendo com que estes grupos se reconheçam, se atraiam e se diferenciem de outros. É como se tudo se transformasse em um jogo. Isto é algo muito próprio desta civilização moderna onde as pessoas se confrontam cada vez menos fisicamente, mas sim, por meio das idéias”, avalia.
Embora tanto O Senhor dos anéis quanto Star Wars falem de mundos complexos criados por autores que se basearam em mitos antigos, é comum haver divergências entre os fãs de ambas as séries. “Eu vejo os fãs de Tolkien mais como pessoas que gostam de ler. Afinal, o autor criou obras enormes de centenas de páginas. Quem gosta de Star Wars geralmente é mais um fã de cinema”, conta a analista de sistemas Thaís Cristina Belonia que, em 2005, viajou com mais oito amigos brasileiros para a cidade inglesa de Birmingham, para a Tolkien 2005, uma convenção mundial de fãs de O Senhor dos anéis. Na época, Thaís era presidente do Conselho Branco, o fã-clube oficial de Tolkien no Rio de Janeiro.

Provocações

Assim como no mundo do futebol, entre os fãs de ficção científica é comum haver provocações entre as tribos. Piadas sobre a sexualidade de Frodo e Sam de O Senhor dos Anéis incomodam Thaís. “Não tenho nada contra os gays, mas a verdade é que Tolkien descreveu o relacionamento deles inspirado na camaradagem dos soldados em batalha que ele próprio vivenciou lutando nas trincheiras na Primeira Guerra Mundial. Não havia intenção de descrever nada homossexual ali”, defende.
Já para Cardoso, provocar os fãs de Star Wars é, às vezes, inevitável, mas nada que o levasse às vias de fato, isto é, a uma agressão física. “Seria covardia bater em um sujeito brandindo uma espadinha de plástico com uma lanterninha dentro”, provoca.
Em 2003, o Conselho Jedi Rio de Janeiro produziu um curta-metragem chamado A Casa dos jedis. Uma divertida paródia da Casa dos artistas só que com personagens de George Lucas enfurnados em um apartamento. A exibição do vídeo foi uma das atrações do Jedicon 2003. Uma das cenas que mais arrancou gargalhadas e aplausos da galera foi logo no início, quando um penetra vai entrando na casa vestindo o uniforme da Frota Estelar. Rapidamente, Darth Vader se encarrega pessoalmente de sufocar até a morte o trekker invasor com o poder da força. O auditório delirou com a piada.
Para Cynthia, a provocação pode ser um exercício de competitividade construtiva, mas há limites. “Não se pode perder o respeito pelo ser humano, pois, quando se perde isto, a coisa passa a não ser saudável. É o mesmo que ocorre quando torcidas organizadas de times de futebol passam a praticar atos violentos”, adverte.

A importância dos fãs

Embora a rivalidade possa ser uma constante entre fãs, é na união que este grupo descobre a verdadeira natureza de sua força. Um exemplo clássico foi o movimento liderado pela norte-americana Betty MacCarthy, ou Bjo Trimble, como ficou conhecida, no final dos anos 60. Ela liderou uma campanha envolvendo milhares de trekkers nos EUA, que enviaram cartas à rede de TV NBC adiando o cancelamento da primeira Jornada...
Cynthia afirma que organizações como fãs clubes não são diferentes de outros gêneros de opinião pública. “Como na política e no futebol estes grupos podem fazer a diferença. É só lembrar que uma torcida organizada pode levar seu time a vitória ou mesmo a uma derrota. Tudo depende do grau de interação da torcida com o time, ou, no caso, dos criadores da obra com seus fãs”, conclui.
Carmen adverte, entretanto, que, embora venha crescendo nos últimos anos, o poder dos fãs sobre o autor e a obra ainda é limitado. “Nas novelas brasileiras é fácil perceber como o público interfere e praticamente reconstrói uma obra. Mas quando falamos da indústria cultural norte-americana a coisa fica mais complexa, pois um mesmo filme pode ser visto de maneiras diferentes por grupos diferentes. É impossível agradar a todos, e a opinião de um grupo de fãs nem sempre corresponde à realidade mercadológica”, afirma.

Clinton Davisson é jornalista especializado em cultura e autor de dois romances de ficção científica.

Homem-Aranha 3 não é tão ruim, mas não é ótimo


Criticado no lançamento nos cinemas, o terceiro filme do aracnídeo ganha força em DVD

Às vezes a gente gosta de um filme quando vê no cinema pela primeira vez, mas fica decepcionado quando volta a assistir em DVD. A diminuição do tamanho da tela pode prejudicar o espetáculo ou mesmo a falta da surpresa em determinados filmes (o Sexto Sentido é um bom exemplo disso). Mas o contrário também acontece. Muitas vezes um filme chega cercado de tantas expectativas que acaba decepcionando, mas visto meses depois, a coisa melhora e muito. É o caso desta terceira parte da trilogia do Homem-Aranha que apesar de ter faturado uma boa quantia em todo o mundo – tanto que o quarto filme já foi confirmado – foi malhada pela crítica e considerada decepcionante.
Com certeza há problemas no filme que abusa de coincidências forçadas no roteiro (a personagem Gwen Stacy está em toda parte e tudo acontece só com ela) e explora pouco o vilão Venom, principal responsável pelo sucesso das HQs do aracnídeo nas décadas de 80 e 90. Mas o fato é que, a exemplo dos dois primeiros filmes, o Homem-Aranha 3 segue a linha de explorar com competência os ótimos personagens e dá um desfecho forte no cinema a história que nem sempre teve muito respeito nos quadrinhos.
A trama mostra uma espécie de prova final de Peter Parker (Tobey McGuire). Feliz por ter conquistado a mulher de seus sonhos, Mary Jane Watson, interpretada com garra por Kisten Durst, conseguindo a façanha de se dedicar aos estudos e salvar Nova Iorque regularmente, o Homem-Aranha parece um sujeito realizado, no auge da sua juventude e de sua forma física. Mas a vida é uma caixinha de surpresas e numa bela manhã de sol, na verdade uma noite de lua cheia, desce do céu um meteorito com um estranho ser em forma de geleca preta. A primeira coincidência do roteiro é que a criatura cai justamente próxima a moto de Peter Parker e vai de carona na garupa sem que ele perceba.
Ao mesmo tempo, um bandido foge da polícia e cai no meio de uma pesquisa envolvendo areia e energia nuclear. Nasce ali o Homem-Areia que, por uma estranha coincidência (já são duas) é também o cara que realmente matou Ben Parker, tio de Peter Parker.
Temos também o desfecho da trama de Harry Osborn, filho do vilão duende verde e que, até o último filme, era o melhor amigo de Peter, mas agora quer vingança pela morte do pai pelas mãos do Homem-Aranha. Harry descobre os equipamentos do pai e assume a roupa do duente para se vingar.
No meio disso tudo (se você está achando muito demorada a explicação, saiba que é por isso que a crítica caiu de pau no filme) o Clarim Diário tem um novo fotógrafo chamado Eddie Brock que é mau caráter, ambicioso e... vamos encurtar as coisas... vai se tornar o vilão Venom.
Enquanto dorme, Peter é atacado pelo ser que veio no meteorito que acaba se juntando biologicamente a sua fantasia de Homem-Aranha.Quando acorda, seu uniforme é negro e seus poderes são maximizados. Tudo seria muito lindo se o ser não fosse maligno e levantasse o lado negro de Peter Parker levando nosso herói a fazer tudo o que queríamos que ele fizesse nos filmes anteriores: dá uma surra em Harry, manda para àquele lugar o dono de seu apartamento e encara o sovina J.J. Jameson e exige um emprego. Claro, ele também acaba tratando mal Mary Jane Watson e isso o faz perceber que estava indo para o lado negro da força e dá um jeito de se livrar da roupa. Mas a vida é uma caixinha de surpresas, porque o simbionte vai parar na pele de Edie Brock e agora Peter tem que enfrentar Venom e o Homem-Areia juntos. Para isso ele vai precisar da ajuda de Harry Osborne.
Embora longa, essa última aventura do Homem-Aranha consegue dar aos personagens um desfecho digno e coerente sem que isso necessariamente siga as histórias em quadrinhos, a exemplo do que já aconteceu acertadamente em X-Men 3. Falta torcer agora que o quarto filme do Aracnídeo venha logo e que o personagem continue sendo bem tratado e, principalmente, que os deslizes cometidos aqui sirvam de aprendizado para o diretor Sam Raimi.

Onde os fracos não têm vez

Vencedor do melhor filme de 2008 é um dos mais sinistros de todos os tempos

Um caçador de cervos chamado Llewelyn Moss (Josh Brolin) está no deserto quando descobre uma chacina. Corpos espalhados pelo chão são indícios de uma verdadeira guerra entre traficantes que acabou com praticamente todo mundo morto. Ele conclui que, se houve briga, deve haver dinheiro em algum lugar próximo. Como nos melhores filmes de terror, o personagem não se conforma em apenas pegar o dinheiro e sumir. Ele resolve voltar à noite (sempre à noite) na cena do crime só para dar pistas para os donos do dinheiro poderem caçá-lo.
E eles não vão mandar qualquer um. Pois para recuperar uma maleta cheia de dinheiro da qual não se quer muita publicidade, a melhor coisa é colocar um serial killer chamado Anton Chigurh, um matador psicopata interpretado pelo espanhol Javier Bardem que faz Jason Vorges parecer um escoteiro. No meio de tudo está um xerife interpretado por Tommy Lee Jones que está mais interessado em contar “causos” escabrosos do que deter o assassino.
A perseguição entre os dois vai deixar um rastro de sangue em toda parte, porque Chigurh não pensa duas vezes antes de mandar alguém fazer geologia nas terras celestiais.
Com essa premissa absurda, se constrói um dos filmes mais realistas dos últimos tempos. Quem já teve a oportunidade de acompanhar de perto o trabalho da polícia, sabe que não há nada de irreal na sede de sangue de Chigurh.
Adaptação do livro de Cormac McCarthy, “Onde os Fracos não têm vez” é a obra que consagrou os irmãos Ethan e Joel Coen que normalmente fazem filmes engraçados, embora carregados de certa amargura que sempre caía bem com alguns elementos líricos que permeavam seus filmes. Desta vez o lirismo deu lugar ao mítico. Chigurh é uma encarnação de tudo o que há de ruim do ser humano. Feito com competência hipnótica por Javier Bardem, o personagem já começa mostrando a que veio nos primeiros momentos em cena, quando mata o policial com uma expressão quase pornográfica no rosto. Com voz pausada, grave e sempre com uma postura controlada, ele lembra realmente o “astro” da série Sexta-feira 13, que nunca precisava correr para pegar suas vítimas (parece que isso vai mudar agora com a nova versão). Parte do terror está justamente na frieza em relação as suas vítimas, chegando a usar como ferramenta um dispositivo de ar comprimido para abater gado, como se suas vítimas não fossem nada mais que animais a serem abatidos.
Por outro lado, Josh Brolin, compõe o arquétipo de um homem ordinário, sem grandes virtudes, mas também sem grandes defeitos. O que se vê na tela pode ser interpretado como uma projeção da fragilidade do ser humano perante a sua própria natureza. Neste aspecto, a história guarda elementos comuns com Moby Dick, talvez a maior obra do gênero. Se o livro de Herman Meilville é o capitão que persegue o monstro indestrutível representado pela baleia, aqui é o monstro que persegue implacavelmente Llewelyn Moss que se mostra terrivelmente incompetente para fazer algo além de fugir.
No final anti-climax, vemos apenas o resultado da batalha, seguido por uma narrativa metafórica do xerife que sonha com coisas boas, mas de repente acorda e vê que está no mundo real, onde os fracos não têm vez.

Simone




Filme tira sarro com a fama e a ilusão de Hollywood

Direção e roteiro de Andrew Niccol
Elenco: Winona Ryder (Nicola Anders), Jay Mohr (Hal Sinclair), Catherine Keener (Elaine Christian), Al Pacino (Viktor Taransky), Evan Rachel Wood (Lainey Christian Taransky), Rachel Roberts (III) (Simone)

O diretor Viktor Taransky (Al Pacino) está à beira da derrocada. Seus últimos filmes foram um fiasco e a atriz principal do que seria sua próxima produção abandona o projeto depois de fazer gato e sapato da produção. Por sorte ele recebe de um cientista maluco um programa de computador capaz de simular digitalmente uma atriz. Batizada de Simone ou Simulation one, a nova atriz digital é um sucesso nunca antes visto em Hollywood, se tornando um mito de proporções estrondosas.
Viktor acaba se revoltando contra sua obra, tenta sabotá-la, difamá-la, destruí-la com um vírus e até contar a verdade. Ninguém acredita e o criador corre o risco de ser destruído por sua própria obra.
Escrito e dirigido pelo excelente Andrew Niccol de Gattaca, Simone aposta no absurdo para conseguir zombar da realidade. O nome Viktor não nega a comparação com o médico Viktor Frankenstein cuja obsessão de criar uma nova vida acaba se tornando sua maldição a medida em que toma ódio de sua própria criatura.
Da mesma forma que seu xará Frankenstein, Taransky não mostra muita lógica ao repudiar sua própria criação. Fica apenas nervosinho e enciumado. Algo meio sem lógica, já que teoricamente, ele é a própria criatura.
Enfim, o filme acerta ao debochar da idolatria e da ingenuidade de Hollywood em relação aos seus mitos, mas peca ao não conseguir mostrar de maneira convincente o que torna Simone tão maravilhosa assim. Ao invés de tentar criar cenas que mostrariam a tão falada interpretação de Simone, vemos partes claramente caricaturais. Uma opção da direção justificada até certo ponto: para que tentar mostrar uma super atuação se a idéia é ser irônico? Por outro lado, nunca somos convencidos a acreditar em Simone o que gera uma distância entre o expectador e o que se passa no filme. Em determinado momento, até as (muitas) celulites de Rachel Roberts, que interpreta Simone dão o ar de sua graça, algo meio estranho para um programa de computador que deveria criar a mulher perfeita.
Mas Simone vale justamente pela lógica absurda que nos obriga a enxergar o contra-senso que envolve a criação de determinadas celebridades. Basta lembrar da mídia brasileira que transforma em celebridades pessoas cujo grande mérito foi engravidar de alguém famoso, aparecer em algum Big Brother tão despido de caráter quanto de roupas, ou mesmo políticos que conseguem se reeleger após serem presos e terem sua culpa comprovada e estampada nos jornais.
Assim, Simone deixa uma pulga atrás da orelha do expectador: será que o filme realmente é caricato ou estamos em uma realidade tão absurda que não acreditamos quando ela nos é jogada na cara?

Heroísmo e tragédia na Praia do Bar do Coco

Nem todas as histórias de heroísmo e bravura terminam com finais felizes, mas nem por isso deixam de ser menos importantes e emocionantes. Na tarde do primeiro dia do ano, o senhor Edmício Gomes Machado morreu depois de conseguir salvar seus dois netos que se afogavam na Praia do Bar do Coco em Macaé. O fato ocorreu próximo a empresa Ultratec e havia pouca gente no local.
Segundo relatos, os netos de Edmício entraram na água e foram arrastados pela correnteza. O avô entrou e tirou os netos, mas não conseguiu salvar a si mesmo. O fato causou muita comoção no local. Edmicio estava com 44 anos e faria aniversario no próximo dia 13.
O balanço do Réveillon na região revela várias ocorrências em Macaé e nos municípios locais. Na 123ª DP, foram registrados três acidentes de trânsito com cinco vítimas com ferimentos leves. Duas pessoas foram presas por posse de entorpecentes e houve três furtos de veículos na cidade.
Em Casimiro de Abreu houve apenas um acidente com três vítimas registrado na 121ª DP. Já em Rio das Ostras não houve registro de acidentes na 128ª DP, mas duas pessoas deram queixa por agressão, houve também uma tentativa de homicídio e seis veículos foram furtados. Finalmente na 130ª DP de Quissamã houve registro apenas de duas agressões durante o Réveillon.

sexta-feira, março 13, 2009

Crepúsculo – versão literária de É o Tcham

Um mergulho na cabeça dos adolescentes com muita cumplicidade

Morando com o pai na pacata cidadezinha de Forks no norte dos Estados Unidos, a jovem Isabella (Bella) conhece o complicado Edward e ambos se apaixonam. O problema é que o rapaz é um vampiro e tem que controlar seus instintos assassinos para não chupar o sangue da menina. Enquanto tenta convencer seu amado a lhe dar uma mordidinha, Bella vai ficar conhecendo como é o mundo dos vampiros “vegetarianos” ou seja, que comem animais por respeitar a vida humana.
Quando ouvi falar pela primeira vez de Stephenie Meyer, havia uma pressa da mídia em comparar a autora norte-americana que é mórmon, com outra evangélica famosa, J.K. Rowling. De fato a série Crepúsculo parece ser uma espécie de Harry Potter para meninas. Alguns elementos são desconfortavelmente parecidos: o elemento fantástico inserido no cotidiano dos jovens, a escola como cenário, o desajuste social e o mergulho em um universo próprio sobrenatural.
Embora o livro seja um sucesso no Brasil, a crítica foi praticamente unânime ao afirmar não só a precariedade literária da obra de Meyer, como o fato do livro ser chato de verdade. Como a minha resenha vem com quase um ano de atraso, resolvi fazer diferente e tentar encontrar o que há de positivo em Crepúsculo. Mas aí necessitamos de uma desmistificação de como funciona o mercado capitalista. Existe sim toda uma indústria cultural que busca dar ao consumidor aquilo que ele quer de maneira mais genérica possível. Mas como o produto “arte” não é tão fácil de produzir quanto um Big Mac, o jeito é sair procurando elementos que se encaixem nos moldes que a indústria precisa. Assim, quando dizem que Crepúsculo foi produzido artificialmente para suprir a demanda deixada pelos fãs de Harry Potter trata-se de uma grande mentira. É como dizer que Ronaldo o fenômeno foi criado em laboratório e não um atleta que passou por “peneiras”, treinos e diversos desafios para chegar onde chegou.
Mas se a única crítica fosse essa, o trabalho de falar bem de Stephenie Meyer seria muito fácil. Mas a maioria das críticas se referem a qualidade da obra. Crepúsculo é uma espécie de versão literária da banda É o Tcham, um conjunto de Axé Music que alcançou um grande sucesso nos anos 90 com tipo de música que ninguém gostava, mas todo mundo ouvia. A razão do sucesso da banda passava longe das Sheillas ou de Carla Perez. Elas só tornavam a banda aceitável para os homens, mas eram as mulheres que lotavam os shows do grupo.
De fato, até hoje, ninguém escuta É o Tcham pelas melodias (?) e pelas letras da música (?), mas pelas coreografias, a dança e o ritmo. No caso, Crepúsculo também afeta as mulheres por elementos diferentes de uma literatura tradicional. Longe de ser um livro perfeito, a história já começa incomodando pelo ritmo de Big brother da narrativa: “dormi”, “acordei”, “tomei café”. Stephenie Meyer teve coragem de escolher fazer uma narração em 1ª pessoa logo em seu primeiro trabalho literário, mas trata-se de uma técnica difícil de ser controlada. Para piorar, dizem que uma boa história precisa de um bom vilão. Mas somente nos capítulos finais do livro somos apresentados a um antagonista e este é extremamente esquisito. Não se explica direito como, onde, nem porque do infeliz ficar obcecado com Isabella, apenas que ele é um “farejador” (ah, bom! Por que não disse logo?) e mais nada.
Ironicamente, o maior trunfo do livro está justamente em seus “problemas”. Primeiro a lengalenga entre Edward e Isabella: o vampiro segue a menina o tempo todo só para dizer que os dois não podem ficar juntos; espera no estacionamento para dizer: “não podemos ficar juntos”; vai ao seu quarto vê-la dormindo e quando ela acorda, diz: “Não podemos ficar juntos”. Inverossímil? Me desculpem os certinhos, mas quem nunca fez isso na adolescência ou mesmo depois de velho, não sabe o que é namorar de verdade. E ler Crepúsculo levanta estas memórias com uma facilidade incrível. Como se Meyer narrasse os passos para a “dança do acasalamento” em nossa cabeça.
A prosa é fluida apesar da predileção da autora por adjetivos grandes e seqüenciais; e os meninos devem se irritar com as constantes descrições do peito e dos braços musculosos de Edward. Mas é justamente nesse paradoxo de sentimentos, atitudes e frustrações que reside a essência de nossa adolescência e que Stephenie Meyer soube capturar de maneira arrebatadora.
Acho que não leria outro exemplar da série com tanta boa vontade, assim como não escutaria uma música de axé só para sonhar com a Claudia Leite. Mas acho que, assim como a dança faz parte da música, Crepúsculo carrega elementos literários que merecem ser estudados de perto, sem preconceitos e exageros pernósticos. Só espero que o contrário também não ocorra e sejamos obrigados a engolir as mesmas fórmulas de Meyer como se fosse um novo padrão a ser seguido na literatura. Isso aconteceu com a música nas rádios dos anos 90 e não fez bem para ninguém.

terça-feira, março 03, 2009

Lembranças de tempos que nunca vi

Transpomos nossas limitações e ansiamos por novos desafios
Sibilam as culpas, gritam os demônios e descobrimos por fim o novo algoz
Sua couraça é instransponível e seus olhos sugam toda a esperança e alegria
Seu nome é Realidade, sua arma é a rotina e sua fortaleza é a sociedade  

Não há mais heróis, nem há mais vilões, não há profetas mais, nem há mais dragões Não há sereias no mar, nem anjos no ar, não há odaliscas para salvar  

Queremos glória, fogo e luz; sangue, poder e brasões 
Mas nosso mundo é feito de dívidas, impostos e contas de cartões; 
Avançamos contra moinhos de vento com determinação patética 
Parcelamos nossas vidas em troca de pequenas concessões da realidade   

Não há mais heróis, nem há mais vilões, não há profetas mais, nem há mais dragões 
Não há sereias no mar, nem anjos no ar, não há sequer odaliscas para salvar

sexta-feira, janeiro 02, 2009

O outro todo poderoso


Hancock mostra Will Smith como um super-homem decadente


 

Will Smith é Hancock uma versão negra do super-homem que parece querer dar razão a todos os preconceitos e estereótipos reinantes contra negros que vinha desaparecendo do cinema e da TV nos últimos anos: é um bêbado, mal humorado, mal educado e desajeitado. Seu jeito desleixado de fazer seus heroísmos e salvar os outros acaba às vezes criando mais problemas do que os que ele inicialmente tenta resolver.

Um dia ele salva Ray Embrey, um homem excessivamente idealista que resolve levar o herói para casa, afinal, tudo o que ele precisa é de carinho e um pouco de gratidão. Mas Hancock não tem jeito e fica terrivelmente atraído por Mary, a esposa do cara. Ainda assim, é através deste homem que o super-herói vai conseguiu reencontrar a autoconfiança e a alegria de salvar os outros sem esperar muito em troca.

Dirigido pelo quase desconhecido Peter Berg, Hancock parte da excelente idéia de mostrar um super-herói amargurado com o peso da própria responsabilidade. A realização, entretanto, é instável. Por um lado, temos mais uma boa interpretação de Will Smith que, apesar de fazer as mesmas caras e bocas de sempre, consegue dar credibilidade a um personagem difícil e ainda enriquecê-lo com sutilezas. Por outro lado, a direção parece sempre indecisa entre fazer um filme de ação até certo ponto realista e fazer uma comédia exagerada. O resultado é um filme que poderia ser melhor, mas que ganha força em DVD quando podemos parar, pegar pipoca e coca-cola na geladeira, e escutar o barulho da chuva que não para de cair.

O filme ainda tem a sempre belíssima Charlize Theron no papel de Mary Embrey deixando claro desde sua primeira aparição que vai haver reviravolta na trama. Afinal, o que uma mulher do calibre dela está fazendo casada com um cara tão irritantemente bonzinho? Tem caroço nesse angu...

O final é bastante forçado, como se houvesse uma discussão entre os realizadores sobre como terminar o filme e tudo ficasse em um impasse. Aliás, a graça do filme está justamente na insegurança e na falta de confiança na projeção. Nunca sabemos se o filme vai descambar para a comédia ou virar um dramalhão. Com isso, ficamos preocupados realmente com o destino dos personagens, o que o diretor e o roteiristas resolveram?

O resultado final é um pouco decepcionante, juntando-se a alguns furos do roteiro. Afinal, ninguém nunca se perguntou de onde veio um homem com super-poderes? Nem ele mesmo? Durante 80 anos?

Ainda assim, algumas piadas já valem o preço da locação. A melhor delas envolve mais a reação das pessoas a volta do que a imagem propriamente dita. E a cena da baleia, mostrada no trailer, continua divertidíssima no filme. Se não foi um clássico no cinema, Hancock não faz feio em DVD e se trata de um filme obrigatório para quem gosta de super-heróis.