terça-feira, dezembro 30, 2008

Filmes para se ver no Réveillon

Passar o Réveillon com a família, amigos ou nas festas é certo. Mas com essa chuva que teima em cair em todo o Brasil, muita gente acaba ficando em casa durante o feriado. Pensando nisso, nossa reportagem resolveu fazer uma lista de vários bons filmes que focam festas de virada de ano para você se divertir.
O Destino do Poseidon - Esse é bom porque tem duas versões. A primeira, clássica de 1972, é melhor. Mas a nova, feita em 2006, não é ruim. Ambas contam a trágica história do navio transatlântico batizado com o nome do deus grego dos mares que, justamente durante a festa do ano novo, é atingido por uma super-onda gigante e vira de cabeça para baixo.
A história segue a dramática tentativa dos passageiros de tentar escapar em um cenário de cabeça para baixo; e se o primeiro filme inaugurou a onda de filmes-catástrofes dos anos 70, levando para casa Oscars pela direção de arte e pela música "The Morning After", o segundo tem bons efeitos especiais e muita ação claustrofóbica, aproveitando bem as situações para conseguir fazer o expectador morrer de medo de navios.
Ambos aproveitam para desfilar uma série de personagens interessantes e simpáticos para depois ir matando um por um. É considerado por muitos como o melhor filme de Réveillon do cinema.
Harry & Sally - Feitos um para o outro - É um filme já antigo (1989), um dos poucos sucessos do ator Billy Cristal, que é mais conhecido como apresentador do Oscar, algo que ele faz muito bem. Mostra a história de dois amigos do título: Harry (Cristal) é um solteirão convicto e cheio de opiniões sobre o mundo e Sally (Meg Ryan em seu melhor papel), uma mulher de personalidade forte. Eles vão se encontrando durante os anos em situações inusitadas e que, com o tempo, acabam se tornando os melhores amigos, até que, acabam transando. A partir daí, já estamos apaixonados pelos personagens e torcendo para que eles fiquem juntos. Claro, se tudo fosse fácil não valeria nem a pena assistir. Mas calma, tudo vai se resolver numa noite de Réveillon onde os dois vão finalmente acertar os ponteiros. Tem a cena clássica e imperdível de Meg Ryan simulando um orgasmo numa mesa de jantar. Imperdível.
Forrest Gump - O filme de 1994 foi determinante para transformar Tom Hanks no ator mais celebrado de Hollywood, o único desde Spencer Tracy a ganhar dois Oscars consecutivos como melhor ator. A história todo mundo conhece: acompanha a vida do acéfalo Forrest Gump e com ela toda a história dos Estados Unidos do final do século XX. Com sua pouca capacidade intelectual, Forrest acaba participando e influenciando decisivamente de marcos históricos como o caso Watergate, a composição da música Imagine de John Lennon e até a dança de Elvis Presley.
Mas é na personalidade ingênua e pura do personagem, interpretado magistralmente por Tom Hanks que reside a força e a magia do filme. Apesar de ser idiota, Forrest nunca abaixa a cabeça para as pessoas, nunca deixa de ser bom e dar o máximo para si para ajudar os amigos, mesmo aqueles que ressentem dele. Um bom exemplo disso é a relação entre ele e o tenente Dan, interpretado por Gary Sinise, que passa metade do filme dizendo desaforos para o amigo. Mas é justamente durante uma festa "particular" de Réveillon que o tenente Dan mostra toda consideração e respeito que sente por Forrest. Vale a pena ver de novo...rs
Rocky - O Lutador - Lançado em 1976, Rocky foi o filme que apresentou Silvéster Stallone ao mundo do cinema. Podem chamá-lo de canastrão, podem dizer que fez bombas como "Pare se não mamãe atira", podem dizer que poderia ter uma carreira melhor no cinema se concordasse em trabalhar com bons diretores, ao invés dele mesmo dirigir seus próprios filmes, coisa que nem sempre dá certo; mas o fato é que Rocky é um dos melhores personagens do cinema em todos os tempos.
A história mostra como um Zé Ninguém, chamado Rocky Balboa, um lutador de segunda categoria, tem sua vida transformada ao receber a oportunidade de lutar com o campeão do mundo, Apolo, o doutrinador.A luta final acontece no Réveillon, uma espécie de São Silvestre do Box e faz emocionar qualquer grandalhão. Para quem viu, vale a pena ver de novo, prestando a atenção na curiosa inversão de mostrar negros poderosos, ricos e sofisticados e um branco analfabeto, morando no gueto. Racista? Tire suas próprias conclusões...

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Tem traduções absurdas que ninguém se toca:

Alien - O 8º passageiro - O oitavo passageiro seria o gato Jones. O alienígena seria o 9º passageiro. Os tradutores não sabiam contar em 1979. O curso de matemática para quem faz a faculdade de tradução de filmes só foi incorporado depois, né?

Matrix - Inventaram uma palavra nova no Brasil: MATRIX, ou seja Matricz. Não era nem a tradução Matriz, nem a pronúncia correta em inglês Meitrics. Isso complicou para quem viu o filme dublado.

Titanic – Esse para mim é o pior de todos. O nome da porra do filme é Titanic. Se pronuncia TÁITÂNIC e se traduz TITÂNICO. Alguém pode me explicar o que diabos é um Titanic? Será que o ex-jogador e técnico do Macaé esporte, Tita, resolver adotar um nick em algum chat e alguém se referiu a isso como o Tita-nick?

sexta-feira, agosto 22, 2008

Continuação do Cony

Edílson era o motorista do Cony. Uma espécie cruzamento entre Morgan Freeman e Dooley Wilson (o Sam de Casablanca) em nível molecular. Exalava tranqüilidade pelos poros e parecia portar uma nobreza de origem indefinível. Ele podia ser analfabeto ou doutor em física quântica. Não consegui discernir.


São 180 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro até Juiz de Fora. Edílson dirigia com tranqüilidade e levou pouco mais de duas horas para completar o percurso. Antes da partida, ainda pedi dicas de como proceder perante o imortal. Ele explicou que “Seu Cony não gosta de tietagem, nem de adulações. Fora isso, não tem problema”, disse. Não tietei o Cony, mas acho que nunca falei tanta besteira em tão pouco tempo.

Muito prazer, literatura!

Quando tinha oito anos, adorava feijão com farinha. Era talvez meu prato preferido. Aquele feijão pretinho, com brilho de noite e a farinha de mandioca caindo por cima tornando tudo crocante é uma lembrança vívida na minha memória. Mas não gostava de feijão com farofa. O ovo em contato com o caldo do feijão fica parecendo uma meleca. Um dia meu pai teve uma brilhante idéia: arrumou meu prato antes e escondeu o feijão por baixo do arroz e da farofa. Quando descobri que tinha feijão embaixo, afastei o prato com nojo. Eu tinha oito anos e nunca entendi o que meu pai pretendia provar com aquilo. Até hoje também não entendo porque nunca mais comi feijão depois daquilo...


Conheci o trabalho de Carlos Heitor Cony quando era bem novo. Li vários clássicos da literatura mundial que, na verdade, eram adaptações feitas por ele; Simplificações das histórias para torná-las acessíveis à maioria da população.


Claro, eu achava que estava lendo a obra original e fiquei furioso quando descobri que havia sido enganado. Era algo tão condenável quanto o feijão na farofa. Nunca mais comprei um livro sem antes me certificar se era a versão original.

Claro que também fui descobrir quem eram os bandidos por trás daquela conspiração literária. De todos que me enganaram, contei nada menos do que 12 livros que haviam sido “adaptados” por Carlos Heitor Cony: Moby Dick (H. Melville); Viagem ao Centro da Terra (Julio Verne); A ilha misteriosa (Julio Verne); As aventuras de Tom Sawyer (Mark Twain); As viagens de Tom Sawyer (Mark Twain); Huckleberry Finn (Mark Twain); O Diário de Adão e Eva (Mark Twain); Um ianque na corte do rei Artur (Mark Twain); Ben-Hur (Lewis Wallace); Maravilhas do ano 2000 (Emilio Salgari); A Máscara de ferro (Alexandre Dumas); Ali Babá e os quarenta ladrões (Mil e uma noites).


Não pensei duas vezes antes de tirar satisfação. Reclamei muito no ouvido do homenzinho que não se deixou intimidar.


- Sabia que no século XIX, era impossível para um jovem inglês tomar conhecimento da obra de Shakespeare diretamente do original? Muita citação mitológica, muita citação histórica, todos os reis da Inglaterra, personagens latinos, nomes romanos ou helênicos... Júlio César, Cleópatra, Marco Antônio. Isso para uma criança de 12, 13 anos, mesmo no mundo anglo-saxão, fica muito complicado. Sem graça. Perde-se o plot, a intriga principal da história. Perde-se até o charme de Romeu e Julieta, de Otelo. Então, em 1807, um homem chamado Charles Lamb reduziu as peças de William Shakespeare para contos. Foi um sucesso. E, hoje, quase 200 anos depois, Shakespeare pertence à literatura inglesa, e mundial, por causa disso. Lamb reativou o interesse por um autor que vivia esquecido, várias gerações de jovens ingleses tomaram conhecimento do bardo por meio de suas adaptações.

Ainda argumentei. Falei de propaganda enganosa e ele lembrou que estava escrito de forma legível na capa que era uma adaptação.

- Tive que ler Moby Dick duas vezes... – resmunguei.

Ele poderia ter me chamado de preguiçoso. Seria merecido.

- Foi graças a minha adaptação que você conheceu a história ainda bem jovem e veio a se interessar pelo original, não foi?


Tive que concordar.


Demorei alguns quilômetros para falar outra besteira. Estávamos conversando sobre livros. Primeiro contei vantagem. Ele havia escrito O Ventre, seu primeiro livro, aos 28 anos.


- Eu escrevi o meu primeiro livro aos 14 anos – comemorei como se estivesse provado que meu pênis era maior do que o dele.

- E conseguiu publicar? – perguntou honestamente curioso.

- Não, eu queimei porque achei muito ruim.

Mas a “besteira mor” não foi nada disso. Desta vez não apenas falei. Fiz. Ou melhor, não fiz.

Dei meu primeiro livro publicado como presente para ele. Não deixei de lembrar que também escrevi o bendito livro aos 23 anos. Ou seja, antes de seus 28 anos. Educadamente, ele me pediu uma dedicatória. Com o carro em movimento, meus garranchos ficaram ainda mais assustadores e incompreensíveis. Aí peguei a antiga edição de O Ventre que havia pego emprestado do Saldanha, meu camarada na sala da faculdade, e...

- Eu não vou pedir dedicatória porque o livro não é meu, então não sei se o Saldanha iria querer o livro dele rabiscado...


Eu sei. O leitor deve estar se perguntando se eu fui realmente tão idiota, ou se seria um exagero no texto. Existem exageros que a gente se permite nas crônicas. Talvez aumentar o tamanho do pivete que nos assaltou. Tornar um gol mais bonito do que realmente foi. Infelizmente a idiotice descrita acima aconteceu de verdade. O Saldanha ficou sem a assinatura do imortal por minha causa. Mas vale lembrar que eu não havia dormido à noite por causa do Oscar, dos seios e O Ventre. Experimente virar uma noite às claras e pode me condenar.

A viagem corria animada. Paramos para comer pão com lingüiça em Petrópolis. Cony se mostrava interessado em mim, apesar das minhas asneiras. Em um momento, no meio da serra, um caminhão que levava vários pneus acabou perdendo parte de sua carga e podemos vislumbrar quatro pneus enormes vindo em nossa direção. Parecia jogo do Mário Bros com pneus no lugar dos barris.

O Edílson, sempre muito calmo, diminuiu a velocidade e foi desviando lentamente dos pneus que passavam calmos como se fossem freiras meditando em peregrinação serra abaixo.


- Cuidado aí, Cony. Você é imortal, mas eu não sou! – brinquei.


Ele deu uma sonora gargalhada com sua voz retumbante. Foi uma viagem bem divertida.


(Conclusão na próxima semana)

quinta-feira, agosto 07, 2008

O imortal e eu - parte I

Hábito

O imortal e eu

Um conto de não ficção

Parte I – O porquê

O fato relatado aconteceu há oito anos atrás, no dia 27 de março 2000. Dias antes, no dia 23 de março, Carlos Heitor Cony se tornou um imortal da Academia Brasileira de Letras.

Eu estava no segundo ano da faculdade de comunicação. Tinha entrado de gaiato no diretório acadêmico. Como todo processo democrático, a eleição do DA era uma estrutura viciada. Pegavam calouros empolgados do primeiro período, enchiam com idéias de efeito e pronto. Era fácil ser eleito porque ninguém mais se predispunha a disputar a eleição, afinal, os alunos de outros períodos já sabiam que aquilo não adiantava nada, só tomava tempo.

Mas o fato é que entrei. E comigo entrou Raíssa Abreu. Uma das mulheres mais belas que já vi na vida. A miss Juiz de Fora de 2000 era da minha sala, Carla Arantes, parecia uma escultura fashion de tão bonita, ainda assim, ela não batia Raíssa. Ruiva. Olhos azuis. Corpo de Luma.

Sabe aqueles clichês absurdos de filme de espionagem? Quando colocam uma top model no papel de física nuclear? Ah! Eu nunca engoli Elisabeth Shue como cientista em The Hollow Man e The Saint. Mas Raíssa fazia Elisabeth Shue parecer mulher de fim de baile, que você pega por falta de opção. Ela era a deusa, a rainha, a mulher perfeita. E por um capricho de deus, era genial. Melhor aluna, nota mais alta do vestibular, criatura mais estudiosa. Raíssa era tão irreal quanto a situação que pela qual eu passaria.

Talvez você esteja pensado que o texto a seguir tenha a ver com um romance ou mesmo com uma rejeição envolvendo Raíssa. Nada disso. Mas foi por causa dela e do bendito Diretório Acadêmico que conheci Carlos Heitor Cony.

Eu fui ao Rio de Janeiro

Tinha lançado meu primeiro livro meses antes e viajava para divulgá-lo. Estava na casa de uma amiga, próximo ao Maracanã, quando Raíssa ligou. Falou que o Carlos Heitor Cony respondera as cartas dela e que viria, na segunda-feira à Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora para uma palestra gratuita. Pagaríamos apenas um jantar para ele – conseguido com um patrocinador - e a faculdade pagaria o hotel.

Eu imaginei que Raíssa havia anexado a foto dela ao pedido e, por isso, ele teria feito proposta tão generosa. Mas estávamos em 2000, enviar fotos por e-mail não era comum naquela época. Existem determinadas brechas no espaço tempo em que acontecem tragédias em seqüência. Caem aviões, carros arrastam criancinhas pelas ruas do Rio, pais jogam as filhas pelas janelas. As elásticas leis que regem o universo também devem criar seqüências de coisas boas como uma forma de compensação transdimensional.

Mas onde eu entrava nisso?

Raíssa me pediu para acompanhar o Cony durante os dias em que ele estivesse em Juiz de Fora. “Vocês são escritores, devem se entender bem”, explicou a deusa ruiva com seu sotaque mineiro carregado pelo meu celular.

O único “porém”, é que ele viria na segunda-feira cedo e era para eu estar lá para recebê-lo. “Eu estou no Rio, não vou chegar a tempo”, comentei. “Vai sim, cê dá um jeitim”, replicou.

Dez minutos depois, eu liguei para Raíssa com uma solução inusitada. “Você tem o telefone dele?”. “Tenho”. “Liga e pergunta se ele me daria uma carona para Juiz de Fora”. Dez segundos de silêncio. Ela estava rindo? Chorando? Brava com a minha cara de pau?

“Vou te dar o telefone e cê liga para ele, tá joinha?”.

Bom, eu achei ousadia demais ligar para o imortal. Por sorte havia também o telefone do motorista. Este estava mais no meu nível. Liguei e expliquei a situação. Ele disse que “Seu Cony é uma pessoa boa, sempre disposto a ajudar os outros”. Combinamos que eu deveria estar às sete horas da manhã na casa do Cony, na Lagoa Rodrigo de Freitas. “Se demorar, ele vai embora e te deixa aí”.

Não dormi à noite

Não pela emoção de conhecer o escritor recém imortalizado, mas porque dormi na sala da casa de uma amiga junto com ela e suas irmãs...

Eu explico

Era noite do Oscar 2000. Como bons cinéfilos, armamos a sala como se fosse um acampamento. Colchão de frente para a televisão, eu na poltrona e as meninas deitadas. Vale lembrar que 1999 foi o ano de filmes como O Sexto Sentido, O Clube da Luta, Matrix, Beleza Americana (que levou a estatueta) e até do decepcionante retorno de Star Wars aos cinemas. Era um Oscar sagrado aquele.

Eram três irmãs, três pares de seios que insistiam em fugir das roupas largas. Eu vi o Oscar todo, vi os seios, não dormi, só vi. Mas não ousei abusar da hospitalidade alheia. O acampamento era na sala de estar da casa de uma grande amiga, não no campo de Woodstock. Como não conseguia dormir, peguei o livro do Cony que trouxe comigo para fazer o dever de casa e conhecer melhor o escritor que eu deveria ciceronear. Ironia maior não podia haver, estavam lá na sala, eu, os seios e O Ventre.

Decepção

Mas estava sete horas da manhã na porta da casa de Carlos Heitor Cony. Às sete e dez estava na sala de estar de Carlos Heitor Cony, diante de um prêmio Jabuti que, se não me falha a memória, devia ter sete metros de altura e pesar dezoito toneladas. Minto. Mas era grande o suficiente para dar certeza de que ele não o havia trazido sozinho para casa e que eu seria pego ainda na portaria do prédio se tentasse roubá-lo.

Havia uma estante com alguns livros na sala. Corri para ver os títulos que ele havia de ter em destaque. Sabia que me perguntariam isso na faculdade. Decepção. Havia apenas uma vasta videoteca com óperas e algumas edições de livros dele mesmo. Sua biblioteca não estava ali.

Quando finalmente estava frente-a-frente com o imortal, nova decepção. Havia visto o Cony da tevê antes e em vídeos. Sempre achei que fosse maior do que eu. Encontrei um homem pequeno, quase um anão. Era a descrição exata de Severo, seu protagonista de O Ventre. Apesar da barriguinha que o deixava arredondado, era nitidamente um homem que fora magro a maior parte da vida. Eu fui assim, meu apelido era mapa do Chile. Um magrelo reconhece outro pelo cheiro. Baixo, franzino e narigudo. Nada fazia lembrar o gigante falante da tevê. Era tudo efeito do contra-plongée. Apenas a voz retumbante era a mesma. “Onde está o resto do homem?”, pensei. Mas aquele homenzinho cresceria muito nos próximos três dias.

(Continua)

Outros segredos - Por Leonardo S.


(Continuação de Segredos de Jessie Spiner)

— Clinton Davisson? — quis certificar-se o homem vestido com o uniforme dos correios. — Está encomenda é para você.

Clinton segurou o pacote. Estranhou, pois não esperava nenhuma entrega e nem leu seu nome ali. Alguém rabiscara à caneta sobre a linha do destinatário e o endereço.

— Tem certeza que é para mim.

— Tenho.

— Preciso assinar em algum lugar?

— Não.

— Mesmo? Sempre assino quando recebo uma encomenda. Normalmente é um outro carteiro quem trás. Ele está de férias ou foi transferido?

— Nada sei sobre ele.

Mentira. O carteiro estava jogado em meio aos vários pacotes e cartas na traseira do veículo de entregas, com o pescoço quebrado e apenas de cueca e meias. O restante de seu uniforme era vestido pelo interlocutor de Clinton.

— Tá bom. Obrigado — agradeceu, prestes a fechar a porta.

— Espere! — o homem gritou. — Tenho mais uma coisa para você.

— E o que é?

— Isso! — socou com força o rosto de Clinton, fazendo-o decolar junto com o pacote que não lhe pertencia. Tonto e caído, ainda recebeu um chute nas costas que o fez rolar pelo chão.

— Quem é você? — perguntou assustado. — O que quer comigo?

— Sou um representa da Coca-Cola Company, marca de refrigerante mundialmente famosa e vendida em mais de 140 países — disse de forma mecânica. — Perdoe-me por essa introdução ridícula, mas não posso evitá-la.

O homem fechou a porta e sacou uma pistola com silenciador acoplado.

— Lemos um conto seu, escrito em seu blog no dia 3 de Agosto de 2008, que citava a nossa empresa.

— “O Segredo”? Foi minha filha quem escreveu.

— Covarde! Querendo fugir da responsabilidade?

— Quem é você ? O advogado deles? É assim que processam alguém, apontando-lhe uma arma?

— Como soube?

— Soube do quê?

— Do segredo?

— Que segredo? Aquilo é ficção, cara!

— Não! Aquilo é ficção cara, tão cara que pode fazer desmoronar o nosso império. Vim até aqui evitar a propagação da notícia. Não vai dizer como soube? Tudo bem, isso não muda nossa história. Tenho um final pouco original, mas plenamente satisfatório para mim. Vou matar o protagonista. Vou matá-lo, senhor escritor, em sua própria casa.

— Se vai matar o protagonista, atire na própria cabeça. Sou um coadjuvante. Foi você quem conduziu a história até aqui. Olhe as minhas falas; estou sempre te fazendo perguntas, levantando a bola para você contar a história. Eu quase fechei a porta e o conto teria acabado ali. Você que me socou, dando algum dinamismo a esses diálogos que nunca sairiam do lugar. É o grande responsável pela virada que nos trouxe até o segundo ato. Como assim não é o protagonista?

— Isso não é verdade — envergonhado, coçou a cabeça. Tinhas dúvidas. — Será? Eu sou o protagonista?

— Para mim, está claro. Atira logo na sua cabeça, não é bom ficar mudando o final. Acaba deixando tudo incoerente e dá um trabalho inacreditável na revisão.

— Pilantra! — gritou após uma breve reflexão, quando já apontava a arma para a própria cabeça. — Eu nem tenho um nome, você até sobrenome tem. Portanto, quem é o protagonista?

— É, bom argumento — disse Clinton, que havia se arrastado até o armário.

— O que está fazendo? Tentando abrir a gaveta?

— Não — negou, embora tivesse acabado de abri-la puxando a maçaneta.

— Como não? Você ...

— Olha aqui — Clinton interrompeu. — não estou tentando abrir gaveta nenhuma. Ela está aberta. Já está aberta, entendeu? Como posso tentar abrir o que está aberto?

Confuso, o homem distraiu-se. Aproveitando-se disso, Clinton pegou uma chave de fenda na gaveta e arremessou contra o sujeito, cravando-a em seu pescoço. Para a sua surpresa, o corpo do homem “cuspiu” a chave quase imediatamente, fazendo desaparecer qualquer buraco ou vestígio do ataque.

O homem sorriu.

— Sou um agente Coca-Cola, Clinton. O pouparei das explicações, você conhece o segredo, sabe do que sou feito. Aliás, é por isso que estou aqui. Para eliminá-lo. Agora toma; cada gota vale a pena!

Atirou três vezes.

O sorriso desapareceu de seu rosto quando percebeu que o corpo do atingido também devolvia as balas.

— Como é possível? — questionou perplexo.

— Sou um agente Pepsi — respondeu Clinton tranqüilamente. — Como acha que conheço o segredo de vocês? Ele é semelhante ao nosso. No fundo, somos parecidos, apenas com rótulos diferentes. Somos um mal necessário para o outro. Estamos sempre brigando, envolvidos em disputas. Dessa forma nos fortalecemos. Assim dominamos o mundo. Menos no Oriente Médio, onde eles preferem a Mecca-Cola.

Passaram quase meio minuto encarando-se em silêncio. Então, o homem tomou a iniciativa: largou a arma e caminhou até Clinton. Estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar.

— Desculpe. Perdoe-me por invadir sua casa assim.

Clinton estava novamente de pé.

— Tudo bem. Também quero me desculpar por ficar espalhando o segredo de vocês por aí. Foi uma grande sacanagem da minha parte.

— Não tem problema. Ninguém lê seu blog mesmo. Se tivesse feito um vídeo no Youtube, aí sim estaríamos ferrados.

Apertaram as mãos.

— Quer beber algo para comemorar nossa trégua? — Clinton perguntou empolgado.

— Tem cerveja?

— Claro!

E logo estavam brindando e rindo como velhos camaradas. Até que, após seu terceiro gole, o homem fez uma careta e soltou um longo arroto.

— Que cerveja é essa? O gosto na minha garganta, parece até ...

— Refrigerante? Não, é cerveja mesmo. Cerveja Pepsi! — Clinton anunciou triunfante.

— O quê?

— Cerveja Pepsi, bebida secreta e exclusiva para membros do alto escalão da empresa. Tem uma fórmula semelhante a do refrigerante.

O homem desesperou-se.

— Está blefando! Você nem é alguém importante lá.

— Não era. Até nosso serviço de espionagem descobrir que um de vocês viria me pegar. De repente passei a ser peça chave. Afinal, qual é a maneira mais eficiente de assassinar um de nós dois?

— Ingerindo a bebida do concorrente — o homem disse cabisbaixo.

— Exato. Pode imaginar o quanto você será útil para empresa em que trabalho e, especificamente, para a minha carreira? Queremos estudar o seu corpo. Sua autópsia será minha promoção.

Sentindo fraqueza e dificuldade de respirar, o homem admitiu:

— Você me pegou, Clinton.

— Eu sei. Você vai morrer no fim, e não tenho mais dúvidas sobre quem é o protagonista. Garanti o posto nesse terceiro ato.

— Os dois — o homem falou com dificuldade.

— Os dois são protagonistas? Discordo.

— Não. — tossiu. — Os dois vão morrer. Tenho um sistema de defesa que me faz explodir assim que a bebida do concorrente for identificada em meu corpo Vai acontecer a qualquer momento. Por isso não existem agentes duplos no nosso meio. É impossível traí-los.

Clinton arregalou os olhos. Sentiu a mão de seu oponente segurar com força seu braço. Ou escapava do sujeito que tossia sem parar ou entraria em contato direto com vários litros da bebida concorrente prestes a sair do corpo dele.

— Me solte, por favor! — implorou. — Não vê o quanto ficará ridículo se o conto acabar com todos mortos?

— Você tem uma única chance.

— Qual?

— Um final abrupto que interrompa o conto antes da explosão.

domingo, agosto 03, 2008

O segredo - por Jessie Spiner

O Segredo

Mike não exibia aquele sorriso bobo desde que dera seu primeiro beijo. Sua mãe perguntara se ele havia se divertido e tudo que fazia era mostrar o sorriso.

Agora a situação era a mesma. Pois ele sabia o segredo.

Juntos com ele estavam Jane, assistente administrativa da Coca-Cola, e Joe, espião pago pela CIA especialmente para aquela situação. Eles haviam conseguido, pegaram o segredo.

Tudo começou no início do mês, quando Joe, seu primo, batera na porta de sua casa e disse:

- Temos que invadir a Coca-Cola.

Inicialmente, Mike não entendeu. Só após horas de conversa entendeu que seu primo foi contratado pela CIA para roubar o segredo químico da Coca-Cola, já que a assistente administrativa da empresa também era uma espiã enviada para pegar o segredo, e iria ajudá-los. Joe precisava de alguém forte, ágil e de confiança, para ajudá-lo no roubo. “Ora, quem seria mais confiante do que alguém que me ensina a dar ‘hadouken’ no Street Fighter?”, ele argumentou, pedindo para Mike ir. No fim, Mike cedeu.

Foi numa sexta à noite. E, debaixo da roupa preta, o calor infernal de Miami piorava. Estavam do lado de fora do prédio da empresa, quando Jane finalmente apareceu e abriu a porta para eles. Mike se apaixonou por seus longos cabelos ruivos na hora.

- Consegui desligar a câmera da escada oeste, vamos por lá. – disse ela.

- Quantos andares temos que subir?

- Sete. – “Ah, ótimo”, pensou Mike.

Depois de sete andares de bufadas e suor, finalmente chegaram. Setor 16, dizia a porta amarela enferrujada.

Ao abrir a porta, o coração de Mike foi acelerando, e assim que viu a pasta amarela, o tempo parou. Ele iria descobrir o segredo.

A fuga foi mais rápida do que a entrada, mas, por descuido, esqueceram de ligar novamente a câmera da escada oeste. Mas não importava, pois tinham o segredo.

Estavam agora na sala, e sabiam o segredo. Leram a pasta toda, letra por letra, sabiam de tudo. Sabiam da substância J e da substância B, que causava a dependência da coca. Sabiam que coca destruía neurônios. Sabiam que...

- PARADOS! MÃOS NA CABEÇA!

Apareceram, no quarto, cinco homens de óculos escuros e terno Tweed, logo apontando uma 38 Special na cabeça dos três.

- A Pasta. – pediu o homem mais alto e feio do bando, estendendo a mão. Joe, Mike e Jane se entreolharam, como se implorassem um ao outro para não entregar a pasta.

- A PASTA! – repetiu, desta vez dando um chute no joelho de Mike, que caiu no chão urrando de dor.

- Está aqui. – mostrou Jane. O homem alto e feio pegou a pasta e a deixou bem junta de si, como um cão fiel ao dono.

- Vocês três serão presos por roubarem informações da Coca-Cola e entregar para a Pepsi. – disse um outro homem alto e feio, com uma voz mecânica.

- Mas isso é mentira! Não mostramos as informações a ninguém!

O homem da voz mecânica fez cara de ‘quem liga?’ e começou a algemá-los.

E assim foram presos por furto. Mas sabiam o segredo. Sabiam que não viveriam por muito mais tempo, pois aqueles não eram agentes normais. Sabiam que cada molécula do corpo daqueles agentes era feita de pura Coca-Cola. Afinal, eles sabiam o segredo.

terça-feira, julho 15, 2008

Borges no mosteiro

Era uma vez um médico chamado Flávio Medeiros que se ofereceu de cobaia para uma experiência genética. Não foi um gesto totalmente altruísta, a motivação principal foi a lasanha coberta com molho branco e parmesão oferecida pela junta de pesquisa. Após três horas e cinco agulhadas, o resultado estava pronto: um clone chamado Fábio Fernandes, feito a sua imagem e semelhança.

- Não vou dividir a lasanha com ele – avisou Flávio antes de pegar a recompensa e ir embora para casa.

A chefe do laboratório, a biomédica Cristina Lasaitis, passara anos planejando a clonagem bem sucedida, mas, infelizmente, esqueceu de pensar o que faria com o resultado da experiência.

Como solução, pensou em mandar o clone para uma peregrinação de conhecimento através do planeta.

- Não vou criar uma anta no meu laboratório – comentou.

Com o tempo, Fábio foi estudando e adquirindo conhecimento com as maiores mentes do mundo e se tornou um dos cérebros mais poderosos da terra. Preocupada em ter seu projeto mais secreto divulgado ao mundo, Christie resolve manda-lo a um templo budista onde ele será obrigado a manter voto de silêncio durante um ano – tempo necessário para poder encontrar uma solução definitiva para o problema.

Chegando ao monastério de Xuiai Xuiai, na província de Can-can-can, zona norte do Tibet. Fábio teve algumas dificuldades iniciais na sua iniciação dogmática. Um dos monges, vindo da província de Saint-Clair na França, tinha idéias meio estranhas sobre posições para meditação. Sem poder gritar socorro, a solução foi usar uma arte antiga oriental, chamada chu-teno-sacu. Infelizmente, o monge revidou e Fábio rompeu o silêncio:

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH

Foi uma confusão danada. Cheio de monges correndo para todos os lados. A notícia chegou até Lasaitis que não ficou nada satisfeita com o alvoroço feito pelo seu projeto secreto. Uma semana depois chega uma carta endereçada a Fábio.

“oi, querido

Estou sentindo muitas saudades. Nossa, que barra você deve estar passando aí, ein? Nós aqui do laboratório estamos te dando a maior força e torcemos muito pelo seu sucesso.

Queria avisar que ao tocar na parte interna deste envelope você foi exposto a meu novo projeto de nano-tecnologia. São robôs microscópicos que detonarão uma explosão termonuclear de 15 megatons caso você ultrapasse a emissão de 50 decibéis de sons dentro do mosteiro. Para evitar que você exploda durante a suas necessidades higiênicas diárias, programamos os robôs desarmarem sua detonação caso, haja barulho de descarga de um vaso sanitário em até 70 segundos após a geração do som.

Outra coisa, se você gritar perto de alguém, ou vice-versa, os nano-robôs provavelmente vão infectar essa pessoa e ela terá passar pelo mesmo procedimento da descarga, tudo bem?

No mais, estou com saudades,

Beijos,

Sua Christie”

Em um primeiro momento, Fábio ficou desesperado. Mas logo depois os seus conhecimentos e sabedoria suplantaram as regiões inferiores do cérebro e ele traçou um plano para passar os dias restantes que lhe faltavam no mosteiro. Com um disciplinado programa de leitura na biblioteca do templo, os dias foram passando rapidamente até com muita alegria. Para sorte dele havia uma coleção completa de Jorge Luiz Borges que o deliciou por várias semanas.

Finalmente, quando faltavam apenas três dias para o fim de seu retiro forçado, mas agora prazeroso, Fábio notou um certo tumulto entre os monges. Se pudessem falar, seria um zum-zum-zum, mas o voto de silêncio transformou a coisa em um hum-hum-hum.

Um novo convidado havia chegado. Mas Fábio não se interessou, preferiu continuar a ler a arte do mestre argentino.

Naquela mesma noite, ao vagar pelo terraço mais alto aproveitando a luz da lua cheia para leitura, Fábio se deparou com uma figura conhecida. Era o mesmo cara das fotos do verso dos livros de Borges, ou seja, o próprio Borges. Mas como? Ele havia morrido em 1986, como poderia estar ali diante dele, em toda a sua magnitude?

Neste momento, um turbilhão de pensamentos tomaram seu cérebro como se fosse o exército na favela em época de evento internacional no Rio. Guerra e paz engalfinhados e intercalados em tempos indefinidos. Fábio lembrou dos espelhos, da Biblioteca de Babel, do livro de areia e diversas criações geniais daquele monstro ali parado; era como se pudesse engolir todo o seu conhecimento acumulado com um simples suspiro. Queria gritar, tinha que gritar, tinha que dizer alguma coisa. Perguntar... Sei lá. Olhou para os lados. O Borges ali parado e ninguém fazia nada, ninguém tomava uma providência!

Queria gritar. Mas não podia! O voto de silêncio, a bomba, não, não, NAAAÃOOO!

- CARALHO, É VOCÊ MESMO!!! – bradou a plenos pulmões. – VOCÊ É O JOSÉ LUIZ BORGES! EU SOU O SEU FÃ NÚMERO 1, CARA!

Imediatamente, se deu conta do que havia feito. Xingou mais um palavrão para espanto do argentino a sua frente. O que fazer agora? Iria destruir ele e Borges em poucos segundos.

A descarga! Procurou um banheiro próximo e encontrou do outro lado do terraço. Mais cinco segundos de pânico e não teve mais dúvidas: pegou Borges pelo braço e puxou. O mestre, logicamente, tomou um susto e tentou resistir. Correu para o outro lado, mas Fábio o pegou de novo e puxou. Virou um cabo de guerra entre Brasil e Argentina. Os segundos passando e a existência de Borges na terra chegando ao fim. Fábio já não ligava mais para sua integridade física, só não queria privar o mundo de Borges novamente.

Calculou que faltavam apenas uns 30 segundos. Respirou fundo e desferiu um cruzado de direita no queixo do argentino conseguindo um nock-down imediato. Fábio então colocou Borges nas costas e correu em direção ao banheiro. Próximo ali, alguns monges observavam em seu hum-hum-hum, mas estupefatos demais com o espetáculo para lembrarem de interferir.

No meio do caminho, Fábio ainda escutou um murmuro zombeteiro e malicioso do conhecido monge de Saint-Clair. “O que será que ele vai fazer com o velhote no banheiro?”.

Faltavam agora cinco segundos. Fábio conseguiu entrar no banheiro carregando Borges nas costas e dar a descarga.

- Ah! Que alívio! – gritou gerando ainda mais huns-huns-huns.

Ao acordar, minutos depois. O escritor argentino explicou a Fábio que ele também fazia parte das experiências loucas de Lasaitis.

- Ela quer usar este mosteiro como um celeiro dos maiores escritores de todos os tempos. Por isso clonou minha pessoa com uma mecha de cabelo de meu cadáver e me mandou para cá.

- Mas onde eu entro nisso? – Eu não tenho quase nada publicado, como posso estar nessa seleção de escritores?

- Você eu não sei, mas um novo cientista estava fazendo parte do projeto já há alguns meses. Ele se chama Tibor Moricz e é especialista em viagens no tempo. Eles me explicaram que, pouco antes de você nascer, conseguiram fazer viagens ao futuro e descobriram que o Flávio Medeiros, seu modelo original, se tornará um dos maiores escritores brasileiros da história. Como ele tem esse fraco por lasanhas, acharam mais fácil convence-lo com um tabuleiro com molho branco do que explicar a história toda.

- Mas vamos ficar presos aqui para sempre? Não há escapatória?

- Reza a lenda que dois clones conseguiram fugir já, se chamam Osmarco e Octávio. Mas não posso te confirmar se é verdade.

Neste momento, a porta se abre e aparece ninguém menos do que Clinton Davisson.

- Nossa, Clinton! Você também vai se tornar um dos maiores escritores de todos os tempos e por isso está aqui?

Com sua cara de sono e seu inseparável boné do Tekodom, Clinton pede educadamente aos cavalheiros que saiam do banheiro.

- Olha, eu não sei se vou ser não. Mas o fato é que estou precisando de uma grana para sustentar os gêmeos e a Christie falou que ia me pagar uma grana legal se eu lavasse esses banheiros do mosteiro. Então vão dando licença ai, sabe com é, “tempo é dinheiro”...

A Paixão segundo Mel Gibson

segunda-feira, julho 14, 2008