terça-feira, novembro 03, 2009

Distrito 9







Direção: Neill Blomkamp

Roteiro: Terri Tatchell,Neill Blomkamp

Elenco: Sharlto Copley (Wikus Van De Merwe), Jason Cope (Grey Bradnam), Nathalie Boltt (Sarah Livingstone), Sylvaine Strike (Katrina McKenzie), John Sumner (Les Feldman)

Em um formato de semi-documentário, ficamos sabem que, em um futuro não muito distante, uma nave alienígena – provavelmente comprada na mesma loja que as naves de Independence Day e V – A Batalha Final – chega a Terra e, ao contrário da maioria dos alienígenas, esnoba Nova Iorque e Tóquio, indo parar justamente em Joanesburgo, capital da África do Sul. O que inicialmente era uma coisa legal, virou um tormento, porque se os aliens (que parecem camarões gigantes) não querem dominar a Terra, mas também não sábios cheios de grandes ensinamentos. Parece ser uma ralé pouco provida intelectualmente e sem muitas ambições. Como qualquer minoria, acaba ficando em uma favela (embaixo da nave) se transformando em um problema social.

O pior é que nem a tecnologia da nave dá para se transformar em uma fonte de renda, já que só funciona com os alienígenas, que trocam suas preciosidades por latas de comida de gato.

A solução final é transportar a cambada para outro local, pior do que já estavam, onde podem ser mais facilmente controlados. Para tornar tudo isso um ato legal, é necessário a assinatura dos moradores, os aliens no caso, e é aí que entra nosso “herói”, Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley impecável), uma perfeita mistura de Homer Simpson com Ned Flanders com sotaque holandês. O cara é um babaca esforçado que bota fogo em uma ninhada de ovos dos alienígenas e se diverte informando a audiência que os estouros de pipoca que estão escutando são bebês alienígenas sendo abortados. Sabe falar a língua dos camarões, entende um pouco da cultura deles, mas apesar de não ser exatamente mal, ignora as atrocidades que comete como qualquer funcionário público finge que não vê as roubalheiras do poder público.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas e no contato com um dos poucos camarões realmente inteligentes, ele vai se defrontar com algo que vai obrigá-lo a mudar toda a sua perspectiva de vida.

Desenvolvido a partir de um curta-metragem do mesmo diretor, Distrito 9 custou aproximadamente 30 milhões de dólares e seria o filme mais lucrativo do ano, se 2009 também não fosse berço do interessante Atividade Paranormal que custou menos 30 mil dólares e também faturou alto este ano.

O filme é uma alegoria clara sobre xenofobia feita pelos maiores especialistas no assunto da atualidade: os sul-africanos. Muitos elementos presentes no Apartheid não apenas foram usadas no filme, como fizeram parte da estratégia de marketing do mesmo.

Apesar do começo lento e didático, a segunda parte de Distrito 9 é um filme de ação no melhor estilo block-buster, com tiroteios, explosões e efeitos especiais que parecem ter custado mais do que os 30 milhões anunciados, o que deve deixar o diretor Neill Blomkamp nas boas graças dos produtores de Hollywood por muito tempo. E nada acontece gratuitamente e a fragilidade do personagem principal nos faz esperar sempre pelo pior, o que torna o filme um suspense eletrizante para quem o assiste pela primeira vez.

Alguns clichês correntes na ficção científica e nos filmes de ação são empregados, quase sempre de maneira competente. Há alguns abusos feitos apenas para instigar ainda mais o suspense, mas que chegam a irritar um espectador mais exigente. Além disso, há um excesso de nojeira que pode afugentar estômagos mais sensíveis.

No terceiro ato, o filme acaba assumindo descaradamente a máscara de Block Buster, com tiroteios, atos heróicos, vingança e muitas exploções. Mas Distrito 9 consegue impressionar mesmo é quando entra no campo em que a ficção científica sabe fazer melhor: mostrar com uma clareza transparente a realidade humana através de metáforas. Os humanos do filme são de uma crueldade com os alienígenas que chegaria a ser inverossímil caso não fosse plagiada de nossa própria realidade.

Até a absurda presença do crime organizado (comandado por humanos) na favela nos assusta ao lembrar que isso realmente acontece perto de nós, em nossa cidade.

No final, Distrito 9 ainda deixa espaço aberto para uma continuação, derrubando qualquer suspeita de que a intenção não fosse fazer um filme hollywoodiano. Mas em comparação com outros sucessos do ano como Transformers 2 e Wolverine, Distrito 9 consegue ter mais ação, mais suspense e ainda por cima trazer conteúdo. Tomara que os Sul Africanos sejam tão competentes para fazer a Copa do Mundo de 2010, como se mostraram para realizar esse filme.

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