terça-feira, julho 02, 2019

Diário de um Peladeiro – Parte XIII – Bola na trave não altera o placar


Acho que a jogada mais bonita da minha vida terminou com uma bola na trave. Foi no final da década de 80. Foi lindo, foi maravilhoso, porque foi com meu pai. Ao contrário de mim, meu pai sempre foi um craque reconhecido. Seus dribles e jogadas espetaculares lhe valeram o apelido de Jacozinho, em homenagem ao mítico craque alagoano que fez sucesso entre 1985 e 1986.
Em 1989 eu dei um passe perfeito para meu pai na entrada da área. A bola veio por cima e toquei pelo alto, como se fosse Futevôlei. Foram todos os marcadores para meu pai, que só precisava cabecear para o gol. Mas ele me devolveu o passe de cabeça, de primeira. Isso já tinha matado e enterrado o goleiro e a defesa do time. Que descansem em paz. E quanto a mim, eu só precisava chutar a bola para o gol. Peguei de primeira, no ar, sem deixar cair. Com força. A bola explodiu no travessão.
Foi uma jogada tão bonita que todos aplaudiram. Eu só não achei perfeito no dia, porque não foi gol. Hoje, penso que foi uma tabela perfeita. Porque foi com meu pai. 
Como diria um amigo, a maturidade faz com que mudemos o passado. Aquela bola na trave é hoje minha segunda melhor recordação do futebol. A primeira, para você não ficar curioso, foi um jogo do Moinho de Vento contra o Flamenguinho de Barra Mansa, quando peguei a bola do meio de campo e driblei o time todo, goleiro inclusive, e fiz o gol. Era um jogo “oficial”. Eu tinha 14 anos e um torcedor invadiu o campo para me abraçar. Era meu pai...
Chega de lembrar do passado...
Na 13ª pelada do ano, eu também recebi um passe perfeito. Toquei de primeira para as redes, tirando do goleiro, mas a bola caprichosamente bateu na trave e voltou para as mãos do goleiro.
Acontece. Não achei bonito desta vez. Mas o erro faz parte da essência do futebol e do esporte. No final das contas é um jogo. Fiquei feliz pela jogada. Fiquei feliz por estar ali, ao invés de em casa com a cara enfiada em livros.
Tive mais umas cinco oportunidades de gol. Desta vez acertei uma bendita cabeçada. O goleiro teve que se esforçar para defender. Mas até o final do mês ainda vou fazer o segundo gol de cabeça do ano. Me aguardem!
No geral, estou voltando a ter um ritmo de jogo digno. Desta vez corri mais. Me movimentei mais. Fiz boas jogadas e executei com certa competência a função de pivô que adoro.
A coluna não doeu nem um pouco. Nem depois. Mas o púbis voltou a doer com força. Estou aplicando gelo agora. Parece que está funcionando. Espero recuperar um pouco do ritmo de jogo até o final de maio. Amanhã vou pesar para ver se emagreci.
A luta continua...
Saldo de 2019:
13 jogos
8 gols

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