terça-feira, julho 02, 2019

Diário de um peladeiro – Parte XVII – Vai Romário

21 de junho de 2019
O mundo é redondo, logo é uma bola. Tudo indica que o universo também. E determinadas pesquisas apontam que o universo não é apenas redondo, mas feito de gomos em forma de pentágonos como as bolas antigas. Mais que o jogo da vida, é o jogo do Cosmos.
Este sábado eu já estava com um fôlego melhor. Mas faltou gente para a pelada e foi aquela coisa de ficar em campo direto durante uma hora. Para quem jogava sábado de 8h às 22h quando era criança, não é nada. Mas a idade chega, a barriga cresce e o universo vai te avisando o seu tempo está passando.
O plano de subir a pé o morro entre o bairro Teixeiras, até a Faculdade de Educação Física da UFJF é ótimo para aquecer. São apenas três míseros quilômetros. Mas subimos 98 metros de altura. Se fosse da minha casa, seriam quatro quilômetros e 200 metros de altura para “escalar”. Ainda chego lá.
A pelada ocorreu sem maiores problemas. Ainda sem fôlego para pensar. Perdi novamente aquele montão de gol. Algumas oportunidades ótimas perdidas. Mas tentei fazer o “mais certo” possível. Digo entre aspas porque o futebol não tem certo. A gente tenta, faz o melhor que pode e espera que a bola entre no gol.
O meu gol foi bonito, peguei fora da área, na corrida e de esquerda. Sem olhar muito nem para a bola e nem para o goleiro. Peguei “gostoso” na bola e ela fez o resto. Um curva suave para longe do goleiro. Saí comemorando de braços abertos. Como Romário costumava fazer. Aquela sensação de estar voando. Como se estivesse em comunhão com o universo, com o Cosmos. Talvez essa seja a magia do futebol. Fazer um perna de pau ter 10 segundos a sensação de ser o Romário reencarnado. Não tem preço.
Um prêmio de persistência.
Chutei antes e depois de todas as maneiras possíveis e a bola não entrava. Ou ia para fora, ou o goleiro pegava.
Catei também no gol por um tempo, para recuperar o fôlego. Fiz algumas defesas legais, difíceis e tomei os devidos frangos. Enfim, foi um jogo normal, sujeito a altos e baixos. Bons momentos, maus momentos, momentos incríveis e medíocres. Assim é o futebol, assim é o Cosmos.
Saldo de 2019:
17 jogos
12 gols
Clinton Davisson é jornalista, mestre em comunicação, pesquisador, roteirista e escritor. Ao contrário da maioria dos brasileiros, ele nunca foi a Harvard, mas publicou quatro livros, sendo um de futebol.

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