terça-feira, julho 02, 2019

Diário de um Peladeiro – Parte XII – O dia em que a prudência foi para o espaço e deu certo

4 de maio de 2019
Para entender o que aconteceu hoje, preciso esclarecer. O que tenho é uma protusão da sexta vértebra lombar. Já parei de jogar bola por 12 anos por causa disso e não melhorou. O médico diz que a cirurgia não é aconselhável. Então, a solução é fazer amizade com a dor. Mas quando a coisa chega a um limite insuportável de dor, melhor é parar.
Assim, desde quarta-feira, minha protusão na voltou a dor com força. Acontece sempre quando começo a engordar.
Voltei para a fisioterapia, mas estava piorando a cada dia. A sensação é de uma navalha sendo enfiada dentro da vértebra. 
A ortopedista deu a brilhante ideia de eu parar tudo de novo e emagrecer. Na teoria é ótimo. Na prática, não dá para emagrecer sem me exercitar. Tentei isso em Abril. Foram 20 dias comendo menos, cortando coca-cola, fugindo o pão. Mas eu trabalho sentado o dia inteiro. Chego em casa e me deito. Resultado: 4 kg a mais em 20 dias.
Enfim, acordei hoje com a coluna doendo tanto que estava difícil até de levantar da cama.
Preparei psicologicamente para avisar a galera do futebol que eu não ia. No código de honra dos peladeiros, você furar um jogo é crime hediondo. Mas a dor estava demais. Mas a vida é uma caixinha de surpresas. Eis que meus pais Interveem. “Você vai jogar bola, SIM!”.
Diante de tal imposição, pedi para minha mãe fazer um misto quente, meu pai trouxe gelo e passei de 9h às 11h fazendo alongamento e aplicando gelo.
Deu certo.
Cheguei no jogo com aquela postura de correr o menos possível, sempre de olho caso a coluna enviasse sinais de perigo.
Não enviou. De fato, foi uma boa pelada. Não me lembro de errar nenhum passe. Embora matar a bola tenha sido um problema por duas vezes.
Comecei a jogada de três gols, chutei a gol umas sete vezes. Mais três cabeçadas razoáveis, mas ainda longe, bem longe do era 30 anos atrás. Obriguei o goleiro a fazer três boas defesas e fiz dois gols. Um de carrinho no qual, tenho sérias dúvidas se aquilo foi o passe para mim ou um chute a gol. Entretanto, a bola ia bater na trave se eu não me atirasse ali.
O segundo foi uma sobra de bola.
Enfim, depois de dois jogos de Jejum. Voltei a fazer gols.
Observações: 
A primeira vez que joguei em Minas Gerais foi em 1988 em São Migual do Anta, próximo a Viçosa. Naquela época, comentei com amigos que a principal diferença entre o “peladeiro mineiro” e o “peladeiro carioca”, era que a mentalidade de fominha era abominada no Rio. O carioca valoriza uma assistência quase com o mesmo peso que um gol. Em Minas ainda sinto a estranheza em relação a aversão do mineiro de dar passes. Você sente que até dói. O bom aqui é abaixar a cabeça e ir driblando até a cara do gol.
Saldo de 2019:
12 jogos
8 gols

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