domingo, outubro 13, 2024

Diário de um peladeiro 2024, parte 4 – Issac Newton e os joelhos de Nietzsche


O empoderamento da dor, ou a valorização do sofrimento como parte essencial do crescimento humano, é um tema central na obra de Friedrich Nietzsche, especialmente em Assim Falou Zaratustra e A Genealogia da Moral. E já que estamos citando Nietzsche, vale também citar Newton: O enunciado da Terceira Lei de Newton (Princípio da Ação e Reação) é descrito da seguinte forma: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.”

Pois é, os três gols da semana passada cobraram um preço. Os joelhos carregando 99kg durante uma pelada de uma hora de duração em futebol de salão não ficaram exatamente contentes. Se toda ação tem uma reação, a minha consequência é que meus joelhos doeram a semana toda. Inclusive na academia. Passei a fazer só 15 minutos de esteira, os outros 15 de bicicleta para poupar os joelhos, mas a dor continuou.

Chegou sábado, eu evitei fazer qualquer movimento mais elaborado. Corri, acho que até chutei a gol, mas não lembro de ter dado um passe para gol, sequer. Gol então, nem pensar. Acho que ao invés de jogar futebol, eu fiz um spining elaborado na quadra. Mesmo assim, cheguei em casa com os joelhos estalando do dor.

Hoje, domingo, 13 de outubro, teve a entrega do manto sagrado do Furabola FC, nosso querido Mustela. Dei dois passes para gol, um eu lembro que foi para o Renan, que, aliás, acreditem, tem 15 anos, contra meus 53, é como usar um Uno (eu) disputando contra um Fórmula 1(ele).  Gostei também de ter armado ao menos três jogadas que terminaram em gol. Fiz um gol com um passe açucarado do Ramon, só precisei escolher o canto do gol e chutar de chapa à direita. E um de rebote, também de direita. O Gabriel jura que fiz um gol chutando de fora da área, sim, foi um chute lindo de Trivela, mas que eu me lembre, essa bola foi para fora. Gabriel que hoje fez 4 gols, um deles de cabeça quando eu estava de goleiro. Aliás, tomei mais gols hoje que o Julho Cézar na Copa de 2014, dois deles com falhas grotescas minhas ao sair a bola de foram errada, mas vida que segue.

 Forma física

Já entendi que eu preciso me aquecer antes. No começo da pelada eu fico sem fôlego, a cabeça não processa nada. A ansiedade tenta me tirar a concentração, mas é para isso que a gente insiste em jogar futebol, porque é o melhor meio de controlar a ansiedade. Desacostumado com o salão, a bola corre muito. O domínio de bola é diferente. Mas vai chegando no final, tá todo mundo cansado e eu tô lá ligado no 220v. Se eu tivesse uns cinco quilinhos mais magro, dava para arriscar mais. De semana passada para cá, perdi 2kg, o que é bom, mas correr com 97kg, sendo que 15 deles na barriga, não é nada bom. Só é pior que ficar em casa depressivo. A escolha então é fácil.

Mas é isso. Amanhã vou ao médico para resolver como fazer as pazes com o joelho e continuar emagrecendo. Porque se parar de jogar, é pior. Prefiro mil vezes a dor no joelho à depressão. Assim como Nietzsche via no empoderamento do sofrimento como o caminho para a transcendência pessoal, o autor deste diário vê no futebol o meio para manter sua saúde mental e espiritual, mesmo que isso venha ao custo de dores físicas. É essa relação com a dor que o fortalece, fazendo com que, ao final, ele sinta que a superação é não só possível, mas necessária.

 

 

 

Saldo 2024  

 

7 jogos

10 gols

9 assistências

 

Clinton Davisson Fialho é jornalista, com pós em cultura africana e indígena e mestrado em novas tecnologias de comunicação. Autor de cinco livros dos gêneros ficção científica e terror, vai lançar o sexto ainda este ano, intitulado Hegemonia I – Vellanda.

sábado, outubro 05, 2024

Diário de um Peladeiro 2024 – parte 3 - Dois em um.

 Esse texto é mais longo porque abrange duas peladas. Mas vamos lá.

No ápice de uma semana de bosta. Perdi a data da inscrição no doutorado da Facom (eu queria mesmo o de cinema, mas este era obrigatório não esquecer, mas eu sou uma droga de um autista com TDAH e com um pico de depressão), porque eles resolveram adiantar em dois meses a data da inscrição. Resta o Doutorado de cinema em Juiz de Fora e de Comunicação na UENF. Briguei com os gêmeos também por causa da depressão, agora são três filhos que não falam comigo. Perfeito! A cereja no bolo foi que eu tinha planejado um pequeno curta metragem para filmar semana passada, arrumei equipe, equipamento, roteiro pronto, dava para filmar as cenas em um dia, mas a atriz ficou doente. O tempo que eu tinha era só aquela semana. Filmar alguma coisa agora só ano que vem. Enfim, semana de fezes, para usar um termo mais polido.


E foi com este espírito que fui ao jogo do dia 28 de setembro, sábado passado. Fui me arrastando. Realmente estava muito deprimido e chateado. Mas fiz este esforço porque ficar em casa é pior. Corri meio desajeitado como sempre, mas dei dois bons passes para gol. Chutei duas vezes com perigo, mas não rolou nenhum gol. Voltei mais desanimado do que quando fui. A única coisa boa é que a bola que eu comprei lá em Brasília, quando ainda era rico, passou a ser usada na pelada.

Mas o planeta gira, né?


Ao contrário da semana passada que teve uma série de acontecimentos lamentáveis, esta semana começou bem.  Segunda-feira fui à médica levar alguns exames e apesar da gordura no coração, ela falou que o risco de infartar em campo é zero. Que eu tinha que me preocupar mesmo com o fígado. Este sim, tem gordura demais. Peguei firme na academia. Fui 4 dias seguidos. Perdi 2kg. Ainda não abri mão da Coca-Cola. Não tá na hora ainda. Além da academia, peguei firme no projeto de doutorado, tanto de cinema, quanto para a UENF, interrompi apenas porque chegou a reta final de mandar o livro novo para a editora. E posso dizer que suei mais nesta reta final do livro do que na academia. O livro final tinha um total de 97 mil palavras. Algo que há dez anos atrás seria bom, mas que hoje, com o preço do papel muito exacerbado, não é bom negócio. As pessoas pagam R$ 50 felizes por um combo no McDonalds, que fica pronto em cinco minutos (dependendo da filial do McDonalds que você vai), mas reclamam de pagar R$ 50 em um livro que demorou 12 anos para ser escrito. E me refiro ao livro anterior, o premiadíssimo Baluartes. Imagina o de agora, um drama de hiperfantasia e ficção científica hard, sobre uma menina autista com TDAH? E sabendo que o livro não deve sair por menos de R$ 60? Não adianta falar que este eu demorei nada mais nada menos que 16 anos para escrever. O tempo que o Tolkien demorou para escrever O Senhor dos Anéis, mas a comparação é injusta porque eu abandonei este livro por anos e depois voltava e abandonava de novo. Então, não, não sou Tolkien.

Mas enfim, peguei pesado esta semana para terminar o livro conforme orientação da editora, que por sinal, é a mais profissional com a qual já lidei. E a primeira que tem um profissional para atuar como editor de verdade. Ele me aconselhou entre outras coisas deixar com no máximo 90 mil palavras. Ou seja, eu tinha que sumir com 7 mil palavras. Apontou onde exatamente eu poderia cortar. Eu pensei por meia hora, fui lá e cortei. Depois fiquei uma semana enxugando a história e, ao mesmo tempo, revendo se havia ficado buracos. As cenas de batalha final, estavam grandes e confusas. Não sei os outros escritores, mas eu quando escrevo uma cena de batalha, parece que estou lá dentro, vendo tudo com minha câmera e tentando registrar e escrever o que vejo. Foi preciso me distanciar um pouco e reescrever. Deixar as coisas mais claras. Resultado, mesmo acrescentando coisas e mais o prefácio, o livro ficou com 10 mil palavras a menos. Total 87 mil palavras, com direito a um dicionário de uma língua que inventei para os dragões (não sou Tolkien, mas também crio idiomas).

Com isso, livro terminado e entregue, academia em dia, carteirinha de autista chegando pelo e-mail (será que vou andar de ônibus de graça?), e o remédio novo para depressão finalmente fazendo efeito, parti hoje, sábado, 5 de outubro de 2024, em direção ao futebol com a certeza de que iria chegar lá igual o Thor chegou a Wakanda em Vingadores - Guerra Infinita.

Ah, ledo engano. No começo eu me senti mais cansado do que antes. A musculação demora a fazer efeito e na prática, meus músculos estavam eram mais duros. A agilidade estava pior que antes, que já era ruim. Puxava o ar e ele não vinha. Cheguei a pensar em ir embora. Mas aí, algo aconteceu. Eu comecei a me sentir melhor, a respirar melhor e a correr mais. Acho que tive umas 10 chances de gol, bem diferente da semana passada quando tive umas duas que não aproveitei. O primeiro gol veio de um rebote que peguei uma bomba de esquerda, o goleiro não conseguiu segurar. Se fosse meu amigo, Igor Sardinha, iria ter calma de mirar onde o goleiro não estava. Mas ele é craque, eu não sou. Meti uma bomba de esquerda. Golaço.

O segundo veio de um passe perfeito da direita. Novamente peguei de esquerda, lindo gol, mais pelo passe. Eu só tive o trabalho de escorar. O terceiro não foi bem um passe, acho que foi um chute mal dado para a esquerda do goleiro que já ia caindo para aquele lado, eu desviei a bola com a ponta do pé (direito) para o lado oposto. Bola de um lado, goleiro de outro.

Sim, hoje bati o recorde, fiz três gols e vou pedir música no Fantástico. Não quer dizer que foi uma atuação de gala. Ainda não me reacostumei com o futebol de salão, apesar de ter passado muitos anos jogando, tanto em Barra Mansa (a gente jogava com bola de campo), quanto em Juiz de Fora no saudoso Guanabara no Alto dos Passos. Mas meu joelho reclama.

Como eu disse, não foi atuação de gala. Eu tentei mais coisas justamente para me testar. Por isso mesmo errei muito mais. O equilíbrio ainda tá horrível. E quanto tentei acompanhar um jogador na corrida que tinha 30 anos a menos que eu, foi um desastre. Mas só vou ter uma noção real de como estou realmente depois que voltar aos 85 kg. E faltam 15 kg ainda para chegar lá.

Enfim, uma semana realmente boa. Aniversário da filha, consegui escrever uma coisa legal para ela que voltou a falar comigo. Livro terminado. Três gols. Falta agora terminar o projeto de doutorado. Vai ser uma semana muito difícil. Já tenho todos os livros que preciso ler e mais alguns. O tema está quase definido, mas sinto que preciso estudar mais a linha de pesquisa dos orientadores. Então é isso, vamos para cima!

 

Saldo de 2024

5 jogos

8 gols

6 assistências

 

Clinton Davisson Fialho é jornalista, com pós em cultura africana e indígena e mestrado em novas tecnologias de comunicação. Autor de cinco livros dos gêneros ficção científica e terror, vai lançar o sexto ainda este ano, intitulado Hegemonia I – Vellanda.

 



sábado, setembro 21, 2024

Diário de um peladeiro 2024 – Capítulo 2

 Deus pode estar morto, mas a depressão ainda insiste em continuar viva



Quem conhece a vida do filósofo Friedrich Nietzsche, aquele que mostrou que o homem criou Deus, e não o contrário, sabe que as constantes dores que ele sentia. Provavelmente era uma sequela de sua participação na Guerra Franco-Prussiana, que ocorreu entre 1870 e 1871, o conflito entre o Império Francês e o Reino da Prússia, que resultou na derrota da França e na unificação da Alemanha. As dores no corpo e principalmente na cabeça ajudaram a criar o conceito de se empoderar da dor. Grande parte da genialidade de seu trabalho vem de sua relação com a dor. Digo isso porque hoje eu sou todo dor. Sem querer me comparar com o Belchior germânico matador de deuses e criador do conceito de “super-homem” que sua irmã Elisabeth distorceu depois de sua morte para ajudar a criar um certo regime que apareceu na Alemanha em meados de 1935... O fato é que em 2024 tem sido o ano da dor. Dor física, dor mental, dor da alma... Solidão, sensação de abandono, fracasso, tristeza... Já tive depressão antes, mas em 2024 ela virou uma constante. Assim, como Nietzsche, estou tentando passar isso para uma obra literária que está praticamente pronta. Meu quarto romance, uma ficção científica sobre uma menina autista em um futuro muito distante...

Semana passada eu fui para Macaé City, minha cidade adotiva. Lançamento de livro bombando de gente, fiz palestra, dei entrevistas, muitos livros autografados e, por que não? Um joguinho de futebol com meus amigos Samuca e Glauco. Preferi não entrar no jogo em si, porque era um daqueles jogos oficiais. Mas brinquei antes e, sim, fim um gol. Testei três chutes de esquerda que deram trabalho para o goleiro. Na quarta oportunidade, dei uma de Inigo Montoya (do clássico A Princesa Prometida) e surpreendi o goleiro mostrando que não sou canhoto. Soltei um petardo e a bola bateu nas duas traves antes de entrar. Voltei de Macaé dividido. Vontade de voltar a morar lá. Mas há coisas para fazer em Juiz de Fora ainda. Há coisas para resolver na minha cabeça ainda.



Passei a semana me recuperando da viagem e planejando um curta metragem. Sim, vamos fazer cinema, por que não? Achei minha atriz principal, a bela Monise Glatzl, que me fez uma proposta para treinar no estúdio dela. Talvez façamos uma parceria aqui no Blogg. Arrumei equipamentos de filmagem com meu quase sócio Gilmar David, escrevi o roteiro, arrumei dois assistentes e falta uma maquiadora.

Fora do mundo cinematográfico, ainda falta eu terminar de revisar o Vellanda, o próximo livro e mandar para editora em definitivo. Estou trabalhando na capa com o Matias Streb, o eu novo capista oficial ninja! Falta pegar firme nos estudos do doutorado e, principalmente, falta bater de frente com essa depressão. Para isso, minha maior arma é o futebol.

Hoje teve jogo de uma hora e meia no Mustela. Lembrando que o nome do meu time é Mustela Putórius Furo, o Furão, em homenagem a qualidade de seus jogadores. Lugar perfeito para mim.

Não é que meu time venceu os quatro primeiros jogos logo de cara? E ainda por cima com dois gols meus. O primeiro foi aquele de artilheiro oportunista em que a bola vem chorando na cara do gol e eu estava no lugar certo, na hora certa. No segundo eu estou reaprendendo a jogar futebol de salão e tasquei um porradão de bico de fora da área que entrou no cantinho. Indefensável. Ainda dei ao menos uma assistência estilo Zico: “Faz meu filho!”. Foi lindo, a bola veio e time adversário veio todo junto para o meu lado. Eu consegui dominar e ir para lado oposto, pegando o time no contrapé e dando o passe de esquerda para um golaço. Ainda estou reaprendendo alguns macetes. Tentei chutar de bico de longe, de tênis, duas vezes e foi horrível. Mas a gente aprende.

Pobre depressão, ela não tem como concorrer com o Mustela. Mas precisamos fazer uns ajustes. Estou ainda carregando 100kg no meu corpo a cada jogada. Deve ter uns 20kg só na barriga. Percebi que fortaleci as pernas, os joelhos não estão doendo tanto. Aliás, quase nada, até porque ganhei um tênis novo do meu irmão, é top de linha. Agora é aguentar a dor de cabeça (dei um passe lindo de cabeça hoje também) e o corpo todo. Passei no mercado, comprei uma caixa de um litro de água de coco e tomei toda de uma vez com gelo. Depois dormi a tarde inteira, com direito a grandes quantidades de analgésicos.

Se tudo correr bem, semana que vem, devo chegar mais inteiro ao Mustela no sábado com a ajuda da Monise. E vamos ver como vão ser as filmagens no domingo.

Acho que esta semana, a depressão vai levar uma coça, porque, afinal, depois de tudo que ela fez comigo, eu ainda estou vivo. E com diria Nietzsche, o que não me mata, me torna mais forte.

 

Saldo de 2024

Três jogos, cinco gols, quatro assistências.


Clinton Davisson Fialho é jornalista, com pós em cultura africana e indígena e mestrado em novas tecnologias de comunicação. Como escritor é autor do clássico Fáfia, o jogador do futuro, do sucesso Hegemonia – Herdeiro de Basten, adotado como paradidático nas escolas do estado do Rio de Janeiro e agora do terror premiado Baluartes – Terra Sombria. Para este ano, vai lançar a prequel, Hegemonia – Vellanda, uma ficção científica sobre uma menina autista.

 

 

 

 


sábado, agosto 31, 2024

Diário de um peladeiro 2024 – O retorno com autismo e TDAH na bagagem

 Como pode um trabalho feito com tanto carinho, de recuperação e reconstrução que realizei em minha autoestima com tanta esperança entre 2018 e 2020, ser derrubado de um golpe só em janeiro de 2024? A verdade é que, como já dizia o Lito do Youtube, um avião não cai por apenas um motivo. Entre 2022 e 2023 eu caí de cabeça no trabalho e deixei todo o resto em segundo plano, este resto, incluía minha saúde. Por uma série de fatores, que vão desde uma infestação de escorpiões, passando por 3 meses sem poder ficar na minha casa, dormindo em um colchão nada confortável, até uma distensão que demorou meses para sarar, o nível de estresse foi lá em cima. Quando voltei para minha adorável casa, fui informado que havia ali uma infestação de escorpiões amarelos, um dos mais venenosos do mundo. Encontrei escorpião na minha cama, na pia, no chão, na poltrona, em todo lugar.

Voltar lá no começo de tudo

Sem contar que eu estava lidando no trabalho com várias crises na saúde indígena. Dá-lhe viagens para o interior da Amazônia para resolver problemas estruturais de comunicação entre o Governo Brasileiro e os Yanomami. São mais de um milhão de indígenas no Brasil, 34 distritos sanitários de saúde indígena, 70 casas de saúde indígena, 376 polos bases, 1206 Unidades Básicas de Saúde indígena, tudo com dezenas de médicos, enfermeiros, motoristas, todo tipo de profissional, mas para responder as demandas de imprensa de todos os jornalistas do planeta, era só eu. O pior é que eu dava conta... Mas o fato é que começou uma depressão se formando como uma onda daquelas que a gente vê em vídeos no Youtube, que começa a crescer até virar algo monstruoso que parece que vai te engolir. Comecei a falhar, ficava cansado demais e o tempo todo. Acabei ficando sem o meu trabalho e não consegui arrumar outro em Brasília. Neste ponto o estresse e a autoestima foram para o ralo e os ralos de Brasília estavam cheios de escorpiões.

Este ano parei tudo e fui cuidar de mim novamente. Academia e médicos. Esta semana, depois de muitos testes e mais testes, saiu o laudo dizendo que sou autista nível 1 com TDAH. Comecei a estudar o autismo seriamente faz um ano, porque meus filhos são autistas nível 1 também. Como sou pesquisador, imergi na coisa. Não posso explicar os outros níveis de autismo e nem o TDAH, mas o autista nível 1 é uma mistura de X-Men com Superman. Temos o cérebro maior e mais neurônios, de fato somos muito inteligentes. O problema é que ter muito neurônio no cérebro é como uma repartição pública lotada, como tem muita gente, nem todo mundo trabalha e nem sempre de forma organizada. Uma representação do autismo foi feita de maneira belíssima no filme O Homem de Aço, do Zack Sneider. O jovem Clarck Kent sofre com os excessos de seus poderes, super-visão, super olfato, super audição e precisa da sua mãe para acalmá-lo. Esses somos nós, não enxergamos melhor, mas percebemos mais detalhes do que as pessoas normais, meu olfato é tão intenso que dá para saber o que uma vizinha está cozinhando dando uma fungada na janela; se eu foco em uma música que gosto, posso destrinchá-la com meu ouvido absoluto. Tudo para nós é mais intenso, nem sempre conseguimos processar informações, pois recebemos milhares de estímulos de uma só vez.

Nos apaixonamos facilmente porque não há por que se envolver com alguém, sem ser de forma intensa. As separações então, são dolorosas, mas o problema é que muitas vezes, enjoamos muito rápido das pessoas, da rotina, do trabalho. Paradoxalmente, também nos sentimos nervosos quando a rotina que gostamos é interrompida.

Enfim, embora o autismo não seja uma doença, usei a boa e velha receita que havia funcionado antes: academia e futebol. (com acompanhamento e recomendação médica, claro).

Hoje foi a primeira pelada desde Maricá em 2022, meses antes de me mudar para Brasília. Levei as chuteiras ainda cheio de barro maricaense, mas para minha surpresa, era futebol de salão. Soubesse teria levado a minha bola. Último artefato que comprei com meu salário astronômico de pesquisador da Fiocruz. Levo na próxima.

Eu estava com medo. Agora os exames físicos não eram encorajadores, eu tinha tido uma intoxicação alimentar brava na viagem para Brasília. Estava voltando à academia bem devagar.

O nome do time é sugestivo, “Fura Bola futebol clube”, temos até camisa com a nossa mascote, mustela putorius furo, estampada. Demorei a me achar em campo e o time inteiro também. Ao contrário da propaganda enganosa, a galera sabia jogar direitinho. Comecei tentando me movimentar bem, mas logo pedi para ir para o gol por falta de fôlego. Duas bolas bem chutadas e tomei dois frangos. Segunda pelada já me soltei mais no gol e fiz ao menos três boas defesas que perturbaram o time adversário.

Com o tempo voltei para a linha. Dificuldade de dominar a bola. Dei passe para um gol, já achei o suficiente. Depois um companheiro chutou no melhor estilo Branco em 1994 e eu tentei sair da frente no melhor estilo Romário em 1994, só que a bola bateu nas minhas costas e confundiu o goleiro. Embora polêmico, o juiz anotou gol meu na sumula. Houve mais duas chances de chutar, mas peguei muito de peito de pé na bola, algo que facilitou para o goleiro que era bom. Passei a pressionar a saída de bola e deu bons resultados. Em mais um chute, a bola bateu na trave e subiu, quando caiu de novo, pressionei o goleiro e o zagueiro e chutei livre para o gol. Que sensação maravilhosa. Saí comemorando de braços abertos, planando como um beija-flor obeso de 98 kg.

Talvez o grande destaque da pelada tenha sido a simpatia dos outros participantes. Ninguém reclamando, muita gentileza, muita cordialidade. No final todos exibiam um rosto feliz de terem passado um início de sábado em uma atividade saudável. Só fiquei com a impressão de que o mais velho ali devia ter a metade da minha idade. Mas para quem tinha medo de sair dali em uma ambulância, o resultado foi superpositivo.

Agora é continuar jogando e indo na academia enquanto foco no doutorado e artigos científicos. Até o lançamento do livro novo em Macaé, dá para perder ao menos uns 4kg. E começamos assim, mais uma volta por cima. Desta vez, quem sabe, definitiva.

 

Saldo 2024

Jogos 1

Gols 2

Três passes para gols

 

Clinton Davisson Fialho é jornalista, com pós em cultura africana e indígena e mestrado em novas tecnologias de comunicação. Como escritor é autor do clássico Fáfia, o jogador do futuro, do sucesso Hegemonia – Herdeiro de Basten, adotado como paradidático nas escolas do estado do Rio de Janeiro e agora do terror premiado Baluartes – Terra Sombria. Para este ano, deve lançar a prequel, Hegemonia – Vellanda, uma ficção científica sobre uma menina autista.

quinta-feira, dezembro 28, 2023

Ciência x Religião – fuja dos mortos da extrema direita, tema os vivos da extrema esquerda.

 

Existem similaridades irônicas entre o meio acadêmico e alguns princípios religiosos. Os evangélicos costumam usam a expressão “do mundo”, tipo, eu sou músico e já toquei música “do mundo” e agora só toco coisas da igreja.

No meio acadêmico também existe isso, só que, nas igrejas gostam de pensar que tem grandes respostas, além da salvação para a humanidade e devem compartilhar isso com o maior número de pessoas possível, incluindo muita cantoria nos ouvidos dos vizinhos, pregações na rua e por aí vai.



Na academia é o contrário, os eventos são para poucos, as respostas sempre questionadas, a divulgação é mínima e a interação e retenção de conhecimento só são rompidas em troca de muito dinheiro.

Os EUA encontraram uma solução bizarra e cômoda: mantém uma população com um nível educacional baixo e ainda difundem culturalmente que educação demais é exagerado, não é de bom tom. Aí, dão bolsas especiais para os gênios de diversos países para que levem suas pesquisas para a terra do Tio Sam. Assim, mantém uma população com um nível cultural que o governo considera mais dócil.

No Brasil é um pouco diferente. Quem se propõe a ser acadêmico tem alguns mimos e ainda tem a possibilidade de flertar com o grande pote de ouro da nossa sociedade há 300 anos que é os benefícios dos concursos públicos. Mas é importante frisar que uma coisa não é exatamente igual a outra. Quem realmente pode passar no concurso público são os concurseiros, um grupo oriundo da classe média alta que pode dedicar de dois a cinco anos de suas vidas para passar em um concurso e continuar fazendo parte da classe média alta.

A sociedade criou uma dependência dos avanços acadêmicos de forma mais efetiva do que um viciado depende de drogas fortes como a cocaína, o crack ou o Rivotril. E a academia ganha suas migalhas da indústria para produzir mais inovações como computadores mais rápidos, celulares melhores, drones, carros elétricos, etc. Mas eu confesso que preferia que essa relação fosse mais parecida com a das igrejas. Queria ver gente pobre lotando auditórios e pagando dízimo por aulas de biologia, física, ainda que aplicadas ao dia a dia. Já que falam tanto em matérias que sejam mais práticas nas rotinas diárias, que tal filosofia com ênfase na ética? Nada mais útil e transformador para a rotina do brasileiro.

Enfim, parafraseamos Carl Sagan que alertava 40 anos atrás que vivemos numa sociedade que é absolutamente dependente de tecnologia onde 90% das pessoas não entende nada de tecnologia.

Nunca um astronauta vai bater na sua porta perguntando se quer conhecer a palavra de Sir Isaac Newton, mas é bom avisar que já é de conhecimento público que os carros elétricos já vêm com aviso de que, quando apresentam defeitos, são jogados fora por falta de mecânicos que entendam aquela tecnologia.

Do outro lado as igrejas fazem parte dessa intrincada conspiração silenciosa, tentando transformar Darwin em uma espécie de demônio e apelidaram a ética de “ideologia”, um novo palavrão o qual não sabem explicar. Nem cogitam que a religião seja uma ideologia. Nos últimos anos flertaram abertamente e promiscuamente com o fascismo se negando a aceitar que o que faziam era fascismo, “apenas somos contra essas ideologias”, afirmam até hoje.

 Tudo isso se torna tão lamentável quanto desnecessário. Igreja, fé, religião não são elementos naturalmente antagônicos à ciência. Ao contrário, é comum que criações tecnológicas recentes sejam usadas rapidamente por religiosos e arrisco dizer: por que não usar esses elementos para combater o estresse, aumentar a interação presencial, a socialização, ou mesmo uma fuga da realidade necessária. Pois como diria a autora americana Shirley Jackson, “Nenhum organismo vivo pode existir muito tempo com sanidade sob condições de realidade absoluta; até cotovias e gafanhotos, supõem alguns, sonham. ”

O fato é que o meio acadêmico gosta do isolamento, rejeita os divulgadores científicos porque compactua com a exclusão. E assim caminhamos para uma distopia de um apocalipse zumbi como a série The Walking Dead, onde temos que fugir de zumbis que estão mortos, sem capacidade cognitiva, mas ao mesmo tempo temer os vivos, ávidos por neutralizar ou cancelar quem se atreve a expor questionamentos que fujam aos dogmas preestabelecidos. Enquanto isso, a grama está sempre cortada, as casas estão limpas, a gasolina, a comida e a munição nunca acabam, estamos sempre com roupas boas, os cabelos cortados, a barba aparada. E assim a vida segue, sem saber em qual notícia podemos confiar, mas sem perder a pose porque o Instagram tem que estar sempre com um conteúdo atrativo, não necessariamente verdadeiro.

domingo, outubro 22, 2023

"Simplificando com Marcos Machado: Uma Noite de Stand-Up Promete Agitar o Bairro do Brás, em São Paulo"

Marcos Machado, um comediante de destaque na cena do Stand-Up, tem conquistado o público com seu humor perspicaz e crítico. O jovem de São João de Meriti, aos 29 anos, já acumula 9 anos de experiência e aborda temas que vão desde a infância até questões mais sérias, como religião e desigualdade. Além de sua carreira como comediante, Marcos é também um ator com uma década de atuação em peças populares, incluindo "Sítio do Pica-pau Amarelo" e outros sucessos.

Com um histórico impressionante, Marcos Machado foi finalista em 6 competições de comédia, tendo vencido em 4 delas. Em fevereiro de 2022, ele estreou seu espetáculo solo "Simplificando", que tem sido um sucesso em todo o país. Em aproximadamente um ano, mais de 10 mil pessoas já riram com suas piadas no teatro, e nas redes sociais, seu alcance já atingiu milhões de pessoas.

 O talento de Marcos Machado não passou despercebido por celebridades, com Pedro Cardoso, Tatá Werneck, Ferrugem, Buchecha e Dira Paes elogiando seu trabalho. Pedro Cardoso o chamou de "genial", enquanto Tatá Werneck se declarou sua fã, e Ferrugem afirmou que "passa mal" com suas apresentações.

 Recentemente, Marcos Machado foi convidado pelo projeto "Incluir Direito UFMG" para apresentar um Stand-Up aberto ao público em um evento dedicado à consciência negra. O humorista, conhecido por seu sucesso entre o público jovem, aborda temas sensíveis como racismo, religião e desigualdade em suas apresentações. Ele compartilha experiências pessoais de forma engraçada, abordando questões complexas de maneira ácida e mordaz.

 

E o melhor está por vir! Marcos Machado se apresentará ao vivo em São Paulo no dia 27 de outubro, às 20h, no Point do Jamanta, no Bairro do Bras. Uma oportunidade imperdível para rir e refletir com um dos comediantes mais talentosos do país. Não perca essa chance de vivenciar o humor transformador de Marcos Machado em sua própria cidade!

 

Marcos Machado continua a cativar o público com seu humor inteligente e sua abordagem corajosa de questões sociais e preconceitos. Seu sucesso nos palcos e nas redes sociais é uma prova de que o humor pode ser uma ferramenta poderosa para questionar e desafiar normas sociais, levando as pessoas a refletir sobre o mundo ao seu redor.

 

 

Entrevista:

Como foi a sua infância e como ela te influenciou na comédia?

Minha infância, foi difícil, criança preta de comicidade e financeiramente falando não tínhamos nada, mas também não deixei de ser criança, fiz tudo o que uma criança da minha época tinha pra fazer, sonhadora, sonho de ser jogador de Futebol, mas não tive boas oportunidades, a comedia veio atreves do curso de teatro, foi onde eu conheci o humor, e numa apresentação eu fiz um monologo de comédia, o Stand Up, o vídeo da Matemática hoje é um marco na minha carreira por que de fato tenho dificuldades e resolvi falar sobre nos meus shows onde muita gente se identificou e gerou todo esse transtorno positivo na minha carreira.

 

Você explodiu nas redes sociais com o vídeo sobre matemática, mas isto foi resultado também de um processo. Fale um pouco da sua trajetória?

A internet é isso né, ela te dá toda ferramenta pra você se dar bem e mal ao mesmo tempo, a gente que escolhe o que queremos falar, mas temos as consequências e sim ela ajuda muito no processo de criatividade, me ajudou muito também.

 

Como você recebe este reconhecimento do público?

O reconhecimento do público na primeira vez que subi ao palco, foi uma coisa linda que me ganhou, amor à primeira vista, desde então não parei, os temas que abordo são de fatos temas que vivi na minha vida e a comedia me ajudou a poder falar sobre de forma cômica.

 

Como você começou sua carreira na comédia Stand-Up e o que o inspirou a abordar temas leves e críticos em suas apresentações?

O nome do meu show já fala por si só, eu poderia simplesmente desabafar no palco, mas eu preciso fazer todos rirem, então eu pego os temas e tento deixá-lo o mais leve e simples para que o público entenda o que quero passar e ao mesmo tempo rir da situação, é um público que se identifica comigo, que já viveu de tudo um pouco do que eu falo no show onde gera risadas de identificação.

 

Você aborda questões como racismo e desigualdade em seu Stand-Up. Como você equilibra o humor com a sensibilidade desses tópicos, e qual é a reação do público?

Tudo aconteceu muito rápido com o vídeo da Matemática, muita gente chegando e eu de início não sabia como lidar com tudo até mesmo pessoas querendo contratar o show, mas com estudos e amigos me ajudando fui administrando e entendendo o que estava acontecendo, meu público gosta da minha simplicidade e procuro não perder isso nos conteúdos que crio para eles.

 

Você tem uma presença significativa nas redes sociais, com milhares de seguidores. Como as plataformas online impactaram sua carreira e como você mantém seu conteúdo relevante para seu público?

O teatro me ajudou muito no sentido de encarar o público, sou muito tímido, tinha dificuldades para falar em público e isso eu consegui encarar com as técnicas que aprendi no teatro, e a comedia me deu mais liberdade de criações de personagens para as apresentações teatrais.

 

Sabemos que você tem uma apresentação marcada em São Paulo no Point do Jamanta. O que o público pode esperar dessa apresentação e quais são seus planos futuros na comédia Stand-Up?

Dia 27/10 sexta feira, vai ser um show lindo, com tudo que já passei na comedia SP é um palco onde muitos comediantes querem pisar, o público é cativante, receptivo, vai ser um lindo show. E para o futuro quero poder ter estrutura para rodar com esse show pelo Brasil inteiro e quem sabe uma turnê fora do Brasil.

 

terça-feira, outubro 17, 2023

A Cuca vai pegar!

 Novo romance de Clinton Davisson mergulha no lado sombrio das lendas folclóricas do Brasil


Resenha de Jorge Luiz Calife

 

            Nascido em Volta Redonda, Clinton Davisson é um autor muito versátil. Seu primeiro livro “Fáfia e a Copa do Mundo de 2022” imaginava o futuro do futebol em 1999. No ano de 2007 ele produziu a sua obra mais ambiciosa até então, a space opera “Hegemonia – O herdeiro de Basten”, no cenário de um universo fechado, dentro de uma esfera de Dyson. Paralelamente o autor exerceu uma intensa atividade acadêmica, se tornando mestre em Comunicação pela UFJF e se pós-graduando em cultura africana e indígena pela FeMass de Macaé. Seu novo livro “Baluartes – Terra Sombria” é um resultado dessa experiencia. Trocando o mundo da ficção espacial pela fantasia de terror ele nos leva a acompanhar as aventuras de três jovens, caçadores de fantasmas, que desembarcam no Brasil colonial no distante ano de 1780.

Nossos heróis são o português Luís Monteiro, o príncipe africano Akim Shinedu do reino do Daomé

e a índia Jaciara, única sobrevivente da tribo dos Oitacás. Eles são os baluartes, jovens com poderes especiais convocados pela igreja católica para livrar o mundo das assombrações. E sua primeira missão, num vilarejo de Minas Gerais, é enfrentar ninguém menos do que a Cuca. Aquela bruxa mistura de mulher e jacaré que todos aqueles que já tiveram infância conhecem dos episódios do Sítio do Pica Pau Amarelo. Na verdade, ficamos sabendo que esta criatura tem uma origem europeia, como muitos fantasmas brasileiros, e lá no velho continente é chamada de Coca.

A Cuca é malvada e tem muitos poderes. Uma vez, lá no Sítio, ela bebeu uma poção mágica e se transformou na loira Angélica. Seu objetivo era seduzir o inocente Pedrinho, mas o feitiço não deu certo e ela acabou ficando com o Luciano. No romance do Clinton a Cuca do século dezoito é ainda mais perversa e consegue sequestrar todas as crianças do vilarejo de Ibitipoca. Conseguindo a ajuda dos curupiras, aqueles guardiões da floresta da mitologia indígena. Nosso trio de heróis tenta salvar as crianças e acaba caindo em uma armadilha mortífera. Sim, como diz a música, “A Cuca te pega, e pega daqui e pega de lá.

Essa primeira parte do livro é cheia de detalhes sobre os costumes e a vida no Brasil colônia. Na segunda parte voltamos alguns meses no tempo e estamos na universidade de Pavia, onde o grupo começa a se formar, alguns meses antes de viajar para o Brasil. Viajando para Gênova os nossos heróis salvam a vida do músico Amadeus Mozart e da escritora inglesa Mary Wollstonecraft, que no futuro se tornará mãe da criadora do Frankenstein. Esses encontros com personagens históricos, como Tiradentes e Napoleão Bonaparte são outro detalhe pitoresco do livro. O grupo vai parar no sinistro castelo de Montaldeo, onde enfrenta um fantasma assassino.

Um dos personagens mais interessantes é a Jaciara, que tem o poder de ver o futuro. Em certo momento ela fala de “um olho que tudo vê” o que me fez lembrar daquele clássico do filme B, “O Homem dos olhos de raios X” com o Ray Milland.

O resultado é uma narrativa que se lê com prazer e quando termina ficamos querendo mais. Quem sabe um confronto com a Mula Sem Cabeça ou o Saci Pererê. Mas é só esperar. Afinal as aventuras dos Baluartes estão apenas começando.

 

Jorge Luiz Calife é jornalista e autor pertencente à vertente ficção científica “hard”, ou seja, com maior rigor científico, detalhamento e pesquisa. Foi Calife quem sugeriu a Arthur C. Clarke uma sequência para 2001: Uma Odisseia no Espaço, inclusive fora creditado por Clarke em 2010: Uma Odisseia no Espaço 2. Trabalhou também como tradutor de obras importantes da ficção científica no Brasil como Duna de Frank Herbert e Eu, robô de Isaac Asimov.