quinta-feira, novembro 06, 2025

 

Neurodivergência, fantasia e ficção científica se encontram em “Hegemonia – Vellanda”

Autor de Volta Redonda lança seu 6º romance, que mistura gêneros e traz uma protagonista neurodivergente em jornada de transformação.

 

E se você bebesse uma poção mágica que lhe trouxesse todo o conhecimento do mundo? E mais! E se com esse conhecimento, você descobrisse que seu mundo é muito maior do que você jamais imaginou.

Essa é a premissa de Hegemonia – Vellanda, sexto livro do volta-redondense Clinton Davisson Fialho, que pela primeira vez vai lançar um livro em sua cidade natal. O evento acontece nesta próxima sexta-feira, dia 14 de novembro, às 16h, na Biblioteca Municipal Raul de Leoni.

A história traz Jun Vellanda, uma menina curiosa que faz parte de uma raça de marsupiais em um cenário quase medieval. Após beber acidentalmente uma poção mágica, ela acaba aumentando sua inteligência e seus conhecimentos.

Mas o despertar intelectual não é celebrado. Jun é punida, colocada em prisão domiciliar, vira um fardo para os pais e não consegue mais se encaixar nas expectativas de sua comunidade. A metáfora é clara: o livro é uma alegoria da neurodivergência — especialmente do autismo e das altas habilidades — e de como a diferença cognitiva, em vez de valorizada, é frequentemente vista como um problema.

 

Com forte influência de autores como China Miéville e George R. R. Martin, Vellanda teve também forte inspiração em animes, especialmente Candy,Candy e Dos Apeninos aos Andes, além de referências literárias de autores como Hector Malot, Origenes Lessa e Emily Brontë, a narrativa é construída com sensibilidade e inspiração. “Sempre quis escrever uma personagem que lembrasse essas histórias que me marcaram na infância”, revela o autor.

 

Hegemonia – Vellanda começa com tons de fantasia clássica, flerta com o horror e termina mergulhado em uma ficção científica densa e filosófica, o que torna a leitura imprevisível, mas coesa..

 

 

A trajetória da protagonista também é marcada por descobertas difíceis e por uma profunda transformação pessoal. “É, no fim das contas, uma história de superação de uma jovem neurodivergente.”, explica o autor.

 

Fruto de uma ideia que surgiu ainda em 2008, Vellanda amadureceu ao longo dos anos até encontrar seu tom definitivo. Com elementos que dialogam com o New Weird e uma atenção especial à construção do mundo, a saga Hegemonia se firma como uma das obras mais inventivas da literatura fantástica nacional.

 

 

O livro já está à venda no site da AVEC Editora:

https://aveceditora.com.br/produto/hegemonia-vellanda/

 

Sobre o autor

 

 

Clinton Davisson Fialho é jornalista formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde também concluiu o mestrado em Comunicação, na área de Cultura, Narrativas e Produção de Sentido, e onde atualmente realiza o doutorado em Estudos Literários. É ainda pós-graduado em Afrocartografia pela FeMASS. Autor de quatro romances e dois livros de contos, transita entre ficção científica, fantasia e terror.

Entre 2011 e 2019, presidiu o Clube de Leitores de Ficção Científica do Brasil, colaborando para a criação da Biblioteca Nacional de Ficção Científica, em parceria com a USP, e para o fortalecimento do Prêmio Argos de Literatura Fantástica.

domingo, agosto 31, 2025

Fragmentos da memória nas linhas do meu DNA

 



Não, não tem nenhum truque nas fotos. Ambas sou eu em fases distintas da minha vida. Essa foto, junto com meu exame de DNA, me trouxe muitas reflexões. 

Sempre soube que tinha ancestrais africanos e indígenas, e mesmo no século passado, quando isso era visto como um problema, eu sentia orgulho disso. A surpresa veio quando fiz um exame de DNA: não foram os 20% africanos, mas os apenas 5% indígenas, pois eu jurava que seria muito mais. Descobri também 20% de ascendência italiana, embora “Fialho”, apesar da sonoridade, seja um sobrenome 100% português. No restante, 39% ibérico, como era de se esperar.


No fundo, sou um típico caramelo brasileiro: fruto de misturas, encontros, tragédias e sobrevivências.


A ironia é que, nos séculos passados, a ciência europeia defendia a ideia de uma suposta “superioridade do sangue puro”. Hoje, precisamos ter cuidado ao discutir esse conceito, não para reforçar uma visão depreciativa de nós, “vira-latas”, mas porque existe uma verdade sedutora nisso: indivíduos com genética diversa muitas vezes são mais fortes, mais resistentes. Basta olhar nossos cães Caramelos, que vivem longos anos, necessitam de menos vacinas, menos visitas ao veterinário. Mas esse raciocínio nos leva a um terreno perigoso: a eugenia, que nunca esteve certa no passado e não vai estar agora.


A grande lição que tiro disso tudo é que devemos valorizar o que nos faz únicos. “Superioridade” é um conceito subjetivo e ilusório. O que me fascina é imaginar a vida dos meus ancestrais:

A ansiedade de quem deixou a Itália em busca de um novo mundo.

O terror de quem foi arrancado da África e lançado em um navio negreiro.

As mortes que atravessaram essas linhas do tempo, e os que as causaram.

As dores, as paixões, os pequenos momentos de alegria.


Há séculos de histórias escondidas nos nossos genes. Uma sequência interminável de acasos, escolhas, violências e esperanças que culminaram na pessoa que sou. Gosto de acreditar que todos eles estão vivos em mim, em algum lugar. E que são eles que, silenciosamente, me movem.


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