O site Omelete, que acompanho
desde que surgiu há 10 anos, elegeu Pelé – O Nascimento de uma lenda como o
pior filme da década que acabou (entre 2010 e 2019). Eu sou suspeito, mas adoro
filmes de futebol. Eu gostei do filme. Apesar de realmente não ter como ignorar
os defeitos tanto na parte narrativa, quanto na parte de fidelidade histórica.
Mas pior da década?

Mas voltando ao “filme do Pelé”
de 2016, sim, o filme é ruim, não resta dúvida. Mas a maior crítica que se faz
é como a história coloca a “ginga” como algo parecido com a “força” de Star
Wars. Como é um filme escrito e dirigido por norte-americanos, dá para imaginar
que a ideia veio dos professores de capoeira que nos EUA e Europa realmente
gostam de se referir à ginga como algo místico. Para brasileiros é apenas não
ter cintura dura, é o remelexo, a desenvoltura, é algo natural, mas para gente com
cintura dura como... Eu, é sim, algo sobrenatural muito parecido com a força de
Star Wars.
Bom, na quarta e na quinta
peladas do ano eu fiz um gol em cada uma. Ambas foram na Faefid – Faculdade de
Educação Física da UFJF.
Semana passada eu ainda estava
com um bom fôlego. Corri, driblei. Tive boas chances e alguma eu mesmo criei. O
gol veio em uma jogada que teve que ser repetida três vezes para dar certo.
Passe da direita para eu pegar de primeira na entrada da área. Eu tentei parar
a bola outras vezes e não deu certo. A marcação chega muito rápido. Quando
peguei de primeira, fiz o gol.
Fiz novamente meu duelo pessoal
com meu amigo (e ator recrutado), o Lucas Scafuto. Ele ganhou uma bola na
entrada da área e eu, ao tentar cortar, chutei o pé dele e parei a jogada para
não fazer falta ou não machucar mais. Ele prosseguiu e fez o gol. Fez o
correto. Eu é que optei conscientemente por pegar mais leve com medo de
machucar o amigo.
Depois driblei ele no meio de
campo e toquei para um atacante que fez o gol. Empatamos, eu acho.
O fato é que emagreci. Estou mais
leve. Isso tem ajudado.
Mas aí, veio a pelada de 25 de
janeiro. Um mês depois do Natal. Em apenas 25 dias, eu fiz 11 gols em apenas
cinco jogos. Ano passado, só alcancei essa marca apenas no dia 25 de maio,
depois de 16 jogos e quase 6 meses. Houve uma evolução no meu futebol, na minha
ginga, verdade seja dita. A ginga está comigo agora! Mas vamos lembrar que, em
Star Wars temos o lado negro e o lado luminoso da força. Será que isso também
ocorre com a ginga?
Na pelada passada, antes de
começar, fiquei treinando o famoso giro. Receber a bola de costas para o gol,
girar e a chutar. Hoje houve duas oportunidades de fazer isso e não consegui.
Preferi passar para alguém. Numa delas, eu não consegui dominar a bola, mas
acabei dando um passe bonito, ainda que involuntário para o João (Johnny) que
fez um golaço. Mas o legal é que dei passes para vários gols e armei pelo menos
duas belas jogadas.
Dei muitos chutes. Dois de
esquerda muito bonitos. Um o goleiro defendeu após a bola ter pego na mão do
André e outro foi para fora, passando bem pertinho da trave.
Mas finalmente consegui fazer o
bendito giro. Recebi a bola do Bruno Kaehler, meu eterno garçom e ameacei
devolver. Tive calma para ir girando devagar em busca de uma jogada. Quando não
apareceu, chutei forte para o gol de direita. Foi o gol mais bonito até agora, o
que me deixou mais feliz. Mais até que o de letra. Porque foi um gol finalmente
construído por mim ao invés de esperar por passes na entrada da área.
O lado negro da ginga
Em determinado momento, estava
fazendo a marcação da saída de bola do time adversário. E fui disputar a bola
com o Fernando Junior. Um cara que é forte no lado luminoso da ginga. Tem uma
habilidade impressionante, do tipo que é legal assistir jogar. Mas como eu não
estava ali para assistir, entrei mais duro. Funcionou. A bola bateu em nós dois
e foi em direção à linha de fundo. Então, ele usou a ginga, como bom Jedi que é.
Fingiu que ia sair com ela pela esquerda, mas deu as costas para mim,
protegendo a bola. Só que eu fui atrás e dei um carrinho com a certeza que ele iria
para a esquerda, só que ele não foi...
Eu até acertei a bola, mas também acertei o pé
dele que travou. Ele acabou se contundido. Acho que num jogo oficial, eu seria
expulso ou pelo menos um cartão amarelo pelo carrinho por trás. Uma jogada
perigosa.
Resultado: tirei o Fernando do
jogo. No começo, eu e muita gente achamos que ele estava enfeitando o lance.
Escutei até a voz do meme: “Foi nada, foi nada, se jogou. Esperou o contato, o
contato veio. Viu que o juiz estava marcando tudo e pulou”. Mas infelizmente
foi sério.
Dá o que pensar. Foi uma jogada
perigosa. Assim, como parei depois de chutar o pé do Lucas Scafuto semana passada,
deveria ter parado. Tenho conceitos sobre o esporte bem definidos. Na minha
idade então, o jogar está muito mais priorizado que o vencer. Se quisesse
vencer sempre. Continuaria confortavelmente na defesa. Enfim, ele e todos os
outros levaram na esportiva. Mas é sempre algo triste. Fiquei com a impressão
que, no duelo de gingas, ele usou o lado luminoso e eu cai na tentação do lado
negro. Machucar uma pessoa, ainda mais um amigo, nunca é bom.
Para alívio da minha pesada
consciência, Fernando aceitou minhas desculpas. A ginga é forte nele. E isso
aí, amigo! Que a ginga esteja com você!
Saldo de 2020
5 jogos
11 gols
Clinton Davisson é jornalista,
pós-graduado em educação e mestre em comunicação. Autor de quatro livros, entre
eles, a premiado Hegemonia – O Herdeiro de Basten. Foi roteirista da série
Malhação e consultor na elaboração da série Ilha de Ferro da Globoplay. Atualmente
trabalhando no piloto da série Baluartes.
2 comentários:
Stallone jogando soccer deve ser filme de comédia. Não? Hehehehe
Nada, é baseado em uma história real. O Stallone é o goleiro e isso é bem trabalhado no filme
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