Estava ficando repetitivo demais. Sempre falando da preocupação com a
minha 6ª vértebra lombar. Sempre falando da pubalgia que não sara nunca. E finalmente,
da falta de fôlego e de como fazia falta a bendita academia.
Mas na verdade, eu só parei mesmo com essas crônicas porque desanimei,
mesmo. Desanimei de escrever, não de jogar.
Mas enfim, agora estou jogando duas vezes por semana. Uma vez no Aerosoccer
(antigo Botafogo), nas quintas-feiras, e uma vez na Faefid da UFJF nos sábados.
Se a grana desse, continuaria jogando com o pessoal do ICH no Granbery na
segunda. A galera parece legal e como um jornalista e escritor pode deixar
passar impune a oportunidade de jogar bola com a galera do Instituto de
Ciências Humanas? Me aguardem!
Acho que só não desisti porque havia até uma cobrança dos amigos
boleiros pela que os textos continuassem.
Passados cinco jogos. Foram cinco
gols. Teve gol de perna esquerda, de perna direita, gol dentro da área, fora da
área. Só faltou o de cabeça, que continua sendo só um este ano. Mas os dois que
mais gostei foram chutes de longe. Ambos foram da mesma posição a direita do
meio campo. Um foi na quinta-feira, chutei forte, meio de peito de pé, meio de
chapa, de direita e a bola não foi tão forte mas pegou um efeito interessante.
Foi exatamente no ângulo batendo na trave a minha direita e depois no chão. O
goleiro nem esboçou reação. Foi certamente o gol mais bonito deste ano. O outro
foi o último. Chutei do mesmo lugar, no campo da Faefid que é maior. Só que a
bola não foi pelo alto, ela foi forte, rasteira e, digamos assim, cheia de veneno.
O goleiro tentou parar ela com o pé, mas ela passou por debaixo do pé dele. Foi
um frango legítimo. Mas quem liga? Gol é gol...
Nesse meio tempo também teve momentos engraçados. Levei um chapéu também
bonito, aliás, lindo, no Aerosoccer. Tanto que esqueci que estava como
adversário e torci para que se transformasse em gol. Deu “serto”. Foi gol.
Depois fiquei fazendo aquilo que mais provoca risos na minha terapeuta. Fiquei
filosofando sobre futebol. Porque a capacidade de apreciar um lance bonito pode
transcender o fato de estar jogando e que minha função ali era evitar o bendito
gol. Acho que fiz errado, claro. Porque se tentasse evitar e ele conseguisse fazer
o gol mesmo assim, valorizaria a jogada. Ficar assistindo, é falta de respeito
com o seu time e com o adversário. Em se tratando de uma pelada, isso é perdoável,
claro. Mas agora que o fôlego voltou, acredito que não se repetirá, mais.
Como sempre reparo, o futebol, assim como vários esportes, são metáforas
da vida. Às vezes, somos tentados a ser meros expectadores da nossa vida e
ficar assistindo outras pessoas fazerem jogadas bonitas. E por que não? Nada
impede de você tirar um tempo, admirar e até incentivar as conquistas dos
outros. Mas por mais que isso seja verdade, não pode ser regra. A vida da gente
só funciona quando assumimos o nosso protagonismo. Não é errado aplaudir um drible
que levamos. Trata-se até de uma virtude. Mas não podemos parar por aí. Temos
que fazer também nossos dribles, nossos gols, nossas jogadas de craque. Lembrei
disso na última pelada na Faefid. Teve um jogador que ainda não aprendi o nome.
É um baixinho e gordinho. Ele tem uma vontade contagiante que acaba
incentivando o time a correr mais e a lutar mais. Mas estava no time
adversário. Ele deu três belos chutes para gol, mas por acaso, o goleiro
naquele momento era eu. Defendi tudo e meu time venceu. Juro que pelo menos
dois chutes mereciam entrar. Mas a minha função era não deixar entrar. Cumpri
com honras. Minha maneira de honrar o futebol e a vontade daquele jogador foi
defender seus chutes. Assim é o futebol. Assim é a vida.
Também dei meus dribles, dei muitos passes para gols. Como já disse, fiz
umas ótimas defesas no gol, com direito a ponte, braço trocado e defesas de
reflexo. Mas o que mais gostei foi poder voltar a correr o campo todo. Ter
fôlego. Um segredo foi uma solução simples do meu querido otorrino, ex-vereador
e ex-secretário de saúde de Macaé, Pedro Reis, que aconselhou a usar soro
fisiológico regularmente. Isso deu uma diminuída de 80% na minha alergia e
agora quando respiro, o tal do oxigênio entra nos meus pulmões. Enfim, não era
só a idade. Graças aos deuses e a ciência.
Saldo de 2019:
28 jogos
20 gols
28 jogos
20 gols
Clinton Davisson é jornalista, mestre
em comunicação, pesquisador, roteirista e escritor. Autor de quatro livros,
sendo um deles “Fáfia – A Copa do Mundo de 2022”, que será relançado este ano.
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